Para analistas, BC elevará Selic para 9% nas próximas reuniões
Após intensificar o ritmo de alta dos juros na última semana, o Banco Central deve elevar a taxa básica --a Selic-- dos atuais 8% ao ano para 9% ou mais nas próximas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), avaliam analistas.
Nesta quinta-feira (6), o BC reforçou sua preocupação com a inflação, dando nova indicação de que o ciclo total de elevação da Selic será mais intenso.
A mensagem está na ata da reunião do Copom, que traz detalhes sobre o que influenciou a decisão de elevar os juros na semana passada de 7,5% para 8% ao ano.
Segundo relatórios divulgados nesta manhã por economistas, o documento sinaliza claramente que o BC está preocupado com a alta dos preços no país.
"A ata do Copom na manhã de hoje não deixa dúvidas do comprometimento da autoridade monetária com o controle da inflação. De maneira simples, a diretoria do Banco Central deixou claro que irá sim subir a Selic, e, pelo que nos parece do tom do documento, serão mais duas altas de meio ponto percentual", afirma André Perfeito, economista-chefe da corretora Gradual. Nesse caso, a Selic subiria para 9%.
A mensagem é reforçada nos parágrafos 33 e 34 da ata, em que a autoridade monetária afirma que o cenário prospectivo para a inflação é desfavorável e que há uma tendência de elevação do índice acumulado em 12 meses --que hoje está em 6,49%, praticamente no teto da meta do BC, de 4,5% com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
VIGILANTE
"O Copom destaca que, em momentos como o atual, a política monetária deve se manter especialmente vigilante, de modo a minimizar riscos de que níveis elevados de inflação como o observado nos últimos doze meses persistam no horizonte relevante para a política monetária", destaca o parágrafo 34.
Na avaliação da LCA consultores, a ata parece indicar que a Selic pode chegar a 9% ou até um pouco acima disso. A consultoria destaca principalmente o parágrafo 28 do documento, em que o BC afirma que, devido as danos causados pela persistência do atual processo inflacionário nas decisões de consumo e investimento da população, seria "apropriada a intensificação do ritmo de ajuste das condições monetárias ora em curso".
O presidente da instituição, Alexandre Tombini, já havia manifestado publicamente preocupação com o impacto negativo da inflação alta sobre os gastos de empresários e consumidores.
O aumento dos juros é um mecanismo usado pelo governo para conter o consumo, pois encarece o crédito (tanto empréstimos em instituições financeiras quanto parcelamentos em lojas, por exemplo). Com menos demanda, a inflação tende a ceder.
Além disso, a ata também revela que o BC está preocupado com a continuidade da inflação alta devido aos mecanismos de indexação da economia, ou seja, quando os preços são reajustados para compensar a inflação passada.
Outra questão que deixa o BC alerta são os aumentos salariais acima dos ganhos de produtividade das empresas, que pressiona os custos de produção no país e tende a elevar a inflação.
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