Pesquisa mostra que sete em cada dez brasileiros não poupam
Uma pesquisa sobre hábitos financeiros dos brasileiros traz um dado preocupante: 69% dos entrevistados disseram não poupar. A consulta, encomendada pela Serasa Experian ao Ibope, revela ainda que 35% das pessoas sentem mais prazer em gastar o dinheiro imediatamente do que em poupar, enquanto 30% compram por impulso.
Para Carlos Henrique de Almeida, economista da Serasa Experian, o resultado demonstra a falta de interesse em fazer poupança. "Isso demonstra o desconhecimento das vantagens de ter investimento e da necessidade de ter algo para o futuro", afirma. E esse costume de não poupar vem de longe, segundo o educador financeiro Reinaldo Domingos, presidente do Instituto DSOP. "As pessoas não poupam por causa dos próprios hábitos de consumo. Quando crianças, aprenderam a pegar dinheiro e comprar, então, quando se tornam adultos, qualquer sobra de dinheiro é gasta", afirma.
A sondagem ainda traz outros dados interessantes, como o que indica que 38% optariam por parcelar suas compras no lugar de economizar e conseguir desconto no pagamento à vista. E mais da metade dos entrevistados (52%) não sabiam calcular corretamente o rendimento de uma aplicação financeira. Segundo Almeida, esse grupo é formado majoritariamente por pessoas de escolaridade menor, com conhecimento básico de finanças e renda mensal inferior a 10 salários mínimos.
Por outro lado, a maior parte dos 48% que souberam fazer corretamente as contas de rendimento de aplicação financeira compartilha o fato de terem concluído o curso superior e de terem renda mensal acima de 10 salários mínimos. Por região, os moradores do Sul demonstraram ter mais controle financeiro, seguidos pelos do Sudeste, Centro-Oeste e Norte/Nordeste.
Hábito de poupar
Mas se sete em dez brasileiros não têm o costume de guardar dinheiro, pode parecer difícil vislumbrar no horizonte uma forma de começar a economizar. No entanto, de acordo com Domingos, a solução para esse impasse não é tão complicada. "Não acho que a dívida seja o problema, e sim a ausência de sonhos e objetivos claros na vida das pessoas. É preciso estruturar um plano de vida e resgatar o que se deseja a curto, médio e longo prazo", afirma.
Para isso, comece fazendo um diagnóstico do seu orçamento para verificar o destino do dinheiro. A seguir, elimine os excessos e procure não comprometer mais de 30% da renda com dívidas. Um terceiro passo seria definir metas de curto, médio e longo prazo, e começar efetivamente a poupar. "Para cada tempo existe um investimento que se adequa a isso", afirma Domingos. No curto prazo, para objetivos de até um ano, como viajar, o indicado é a caderneta de poupança, que tem liquidez (é fácil de sacar) e garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
No médio prazo, para metas de cinco a dez anos, o investidor pode partir para o Tesouro Direto - onde se aplicam em títulos públicos indexados à inflação ou à taxa de juros, por exemplo -, Certificado de Depósito Bancário (CDB) ou fundos de investimento. "Nesse último caso é preciso ficar de olho na rentabilidade e na taxa de administração", afirma.
No longo prazo, para aqueles objetivos superiores a dez anos, como a aposentadoria, o investidor pode continuar no Tesouro Direto, mas pode optar por títulos com vencimento maior, como 15 ou 20 anos.
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