Em dez anos, preços de PCs e televisores caem mais de 60%
A política de estímulo à produção local e a explosão do consumo de computadores de mesa -- os PCs-- na última década fizeram com que os preços desses aparelhos despencassem no país entre 2003 e 2013.
De acordo com o IPCA, índice do IBGE que mede variação de preços de produtos e serviços, o preço dos microcomputadores caiu 61% entre janeiro de 2003 e abril deste ano.
Os dados foram compilados pelo IBGE para uma pesquisa encomendada pela multinacional de processadores Intel e obtida pela Folha.
Outros eletroeletrônicos também ficaram mais baratos nos últimos dez anos, como os televisores, com queda de preço de 67%, segundo o levantamento.
No mesmo período, o custo de vida dos brasileiros medido pelo índice do IBGE aumentou 81%.
Na avaliação de especialistas, a Lei do Bem (2005), que concedeu isenções fiscais a fabricantes nacionais de itens de informática e eletrônicos, é um dos principais motivos para a queda dos preços desses dois bens.
Com o incentivo, aumentou a quantidade de empresas produzindo no país, o que trouxe avanços na manufatura e na tecnologia do equipamento, diz Álvaro Leal, da consultoria IT Data.
Entre as companhias que passaram a fabricar PCs no Brasil estão Dell, HP e Lenovo. Muitas fabricantes estão na Zona Franca de Manaus, o que também implica benefícios fiscais.
"Também contribui o fato de boa parte dos componentes usados na fabricação ser importada da China", diz Heron do Carmo, do departamento de economia da Universidade de São Paulo.
Além disso, a explosão de consumo de PCs no país nos últimos anos estimulou o aumento da produção e, assim, a redução dos custos.
Desde 2006, as vendas do equipamento triplicaram no país, para 15,5 milhões de unidades no ano passado, segundo dados da consultoria IDC. O Brasil se tornou o quarto maior mercado de computadores do mundo.
Esse movimento, no entanto, tem perdido força, com o avanço dos tablets. Estima-se que neste ano o mercado de PCs encolha 7,2%.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
NOVOS PRODUTOS
O levantamento mostrou que outros bens que passaram a fazer parte do consumo brasileiro na última década tiveram alta nos preços.
É o caso de refrigeradores (alta de 39%), máquinas de lavar roupas (3%), móveis (57%) e veículos novos (6%).
Além de não estarem sob a guarida da Lei do Bem, produtos de linha branca são impactados pelo alto custo de mão de obra e insumos (especialmente o aço) locais, afirma Carmo, da USP.
Por causa do volume desses produtos, o custo de logística e armazenamento também é maior --o que impacta o preço para o consumidor final.
SERVIÇOS
Segundo o economista, os preços dos produtos eletroeletrônicos ajudaram a puxar a inflação oficial do país para baixo, enquanto os dos serviços têm efeito contrário.
De acordo com os dados do IBGE, os preços dos serviços de empregados domésticos subiram 171% entre 2003 e 2013. Atividades de lazer também subiram, como cinema, com alta de 108% no período.
Segundo Carmo, esse é um efeito do aumento da renda, em um cenário de escassez de trabalhadores.
"Temos restrição de mão de obra em uma economia aquecida, o que gera inflação", afirma.
TECNOLOGIA
A queda dos preços dos PCs no Brasil na última década ocorreu sem prejudicar o avanço tecnológico, diz Fernando Martins, presidente da Intel do Brasil.
"A máquina de hoje é infinitamente superior à de 2005, com mais poder de processamento e menos consumo de energia", afirma o executivo.
Ele cita a Lei de Moore, enunciada pelo cofundador da Intel Gordon Moore, segundo a qual os computadores dobram seu poder de processamento a cada 18 meses.
Segundo dados da empresa, atualmente 45% dos lares brasileiros possuem um microcomputador. Em 2010, eram 30%.
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