Análise: Câmbio é um espelho que reflete as imperfeições do país
O mercado global já há algum tempo passou a observar o Brasil mais por suas fragilidades do que por suas atribuídas qualidades.
Houve tempo e sinais suficientes para que o governo percebesse que a atratividade dos investidores estrangeiros pelo país era cadente.
Governo retira IOF sobre mercado derivativo de câmbio
Fluxo cambial líquido fraco e aumento em perspectiva do deficit em transações correntes andam juntos, e as consequências são previsíveis.
O governo não agiu para reverter as barreiras tributárias impostas ao ingresso do capital estrangeiro, já que não existiam mais os riscos dos "tsunamis" de ingressos temidos e ainda não havia um ambiente externo tão negativo em relação ao Brasil.
Os EUA, nesse meio tempo, emitem sinais de melhora e, com isso, as perspectivas de desarme do seu programa de incentivo cresceram, impactando nas expectativas de liquidez futura do mercado global, acentuando a "ressaca" dos investimentos nos emergentes.
E o raio-x mostra que o Brasil não aproveitou bem os momentos favoráveis para construir-se bem, e revela-se com inflação mais alta, crescimento menor, deficit externo crescente, politica fiscal errática e credibilidade ofuscada.
É preciso forjar novo modelo para sair dessa situação, e, no câmbio, é preciso desarmar tudo que foi colocado como obstrução.
Agora, precisamos voltar a desejar o capital externo mesmo que especulativo, se é o que sobrou, mas precisamos liberar todos os caminhos de ingresso, sem restrições.
SIDNEI NEHME é diretor-executivo da NGO Corretora de Câmbio
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