Conglomerado de mídia norte-americano planeja cisão da Time Inc
A IPC Media, que responde por publicações como "Marie Claire", "Country Life" e "Woman's Own", parece a caminho de sair da sombra de sua controladora de muito maior porte, a Time Warner.
O conglomerado de mídia norte-americano está planejando uma cisão da Time Inc, sua divisão de revistas, que inclui a IPC, até o final deste ano.
A decisão daria à editora de revistas sediada no Reino Unido uma presença muito maior em uma nova companhia cotada nas bolsas norte-americanas.
Mas já que a IPC hoje vale consideravelmente menos que o 1,15 bilhão de libras (US$ 1,8 bilhões) pago pela companhia de mídia norte-americana mais de uma década atrás, alguns analistas e editoras rivais acreditam que uma venda avulsa dos títulos controlados pela editora britânica não pode ser descartada.
"Não se pode evitar a sensação de que uma forma de maximizar valor seria uma separação em diferentes categorias", diz Douglas McCabe, analista da Enders Analysis.
Um antigo executivo sênior na porção editorial da IPC especula que certos títulos do grupo sejam cobiçados por editoras rivais.
Ele menciona a revista "Wallpaper", que poderia atrair a Condé Nast, editora de revistas para um público sofisticado, e a "InStyle", que poderia interessar à Hearst, responsável pelas revistas "Cosmopolitan" e "Men's Health".
A IPC descarta qualquer possibilidade de venda, mas até março deste ano a Time Warner estava negociando fundir sua divisão de revistas com a Meredith, que publica títulos como "Better Homes and Gardens".
A maioria dos analistas descarta uma venda da IPC como um todo, já que poucas editoras de revista dispõem dos recursos ou têm apetite por adquirir a operação completa, apesar de uma redução na avaliação da empresa causada por uma queda de faturamento que persiste mesmo depois de uma onda de medidas de corte de custos, mais recentemente o anúncio de 150 demissões entre os 1,8 mil funcionários da companhia.
QUEDA DE RECEITAS
A IPC não passou imune pelas mudanças mais amplas que vêm acontecendo no setor de revistas, onde as receitas das versões em papel estão sendo prejudicadas pela transição para a mídia digital. E os anunciantes antecipam que essa transição ainda tenha muito por avançar.
Sir Martin Sorrell, presidente-executivo do grupo publicitário WPP, alertou este ano que o investimento publicitário em jornais e revistas provavelmente cairia.
Estatísticas de uma organização setorial da publicidade norte-americana demonstram que os clientes estão investindo 20% de seus orçamentos publicitários em jornais e revistas, ainda que os consumidores dediquem apenas 7% a 10% de seu tempo a esses veículos de mídia.
Como muitas outras editoras, os títulos da IPC dedicados a celebridades, como a "Now", vêm sofrendo especialmente na transição para a mídia digital. A circulação da revista agora caiu a 240 mil cópias, ante quase 450 mil em 2008.
"O MailOnline (site do "Daily Mail" e da "General Trust") obteve sucesso tão fenomenal que quase exterminou a categoria", explica McCabe, da Enders Analysis.
Os rivais dizem que a IPC foi relativamente lenta em sua adaptação ao crescimento dos tablets.
De acordo com os mais recentes dados do Audit Bureau of Circulations, o órgão que verifica a circulação de publicações nos Estados Unidos, a "Country Life", revista dedicada a leitores mais velhos, tinha apenas 149 assinaturas exclusivamente digitais no final do ano passado.
A "Wallpaper", um dos títulos mais bem sucedidos da IPC no mercado digital, tinha mais de duas mil assinaturas exclusivamente digitais na mesma data.
Mas a circulação total das publicações da IPC vem se sustentando melhor que a de alguns rivais, o que alguns analistas atribuem em parte à orientação do grupo a revistas femininas semanais de moda, beleza e assuntos domésticos.
De acordo com dados da Enders Analysis, a circulação anual total do grupo caiu em apenas 6% em 2012, ante declínios de 12% na Hearst e 22% na Northern & Shell.
"O setor é complicado, em termos gerais, mas a companhia está se saindo bastante bem na comparação com os rivais", disse Alex DeGroote, analista de mídia da Panmure Gordon, apontando que a IPC foi capaz de promover aumentos de preço em suas revistas femininas sem prejudicar a circulação das publicações.
"A longa história das revistas em papel é que nas revistas femininas a fidelidade à marca é maior, e existe menos propensão à migração para mídia online", ele explica.
PÚBLICO ONLINE
A IPC também obteve sucesso em atrair publicidade online, um segmento que segundo a companhia vem apresentando "forte crescimento", embora ela não revele os números reais.
"Eles vêm jogando bem, nessa parte do jogo", disse um executivo de uma editora rival.
Mas até que a empresa aponte um sucessor para Sylvia Auton, sua ex-presidente executiva, que se aposentou este ano depois de 36 anos na IPC Media, é difícil antecipar o que pode acontecer. O processo de escolha de um sucessor está em curso, e um anúncio sobre a sucessão deve ser feito nos próximos meses.
A indicação determinará o percurso futuro da empresa, e os comentaristas de mídia argumentam que ela precisa acelerar sua estratégia digital.
"É um mercado que muda muito rápido, com muita atividade competitiva", diz um executivo de uma editora rival. "Manter as coisas como sempre foram é a escolha mais perigosa".
Tradução de Paulo Migliacci
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