Itália pode perder bilhões por reestruturação de dívida na crise do euro
A Itália corre o risco de sofrer prejuízos de bilhões de euros em contratos de derivativos que o país reestruturou no pico da crise da zona do euro, de acordo com um relatório confidencial do governo que revela um pouco mais sobre as táticas que permitiram que o país endividado ingressasse no euro em 1999.
Um relatório de 19 páginas do Departamento do Tesouro italiano obtido pelo "Financial Times" detalha as transações de dívida italianas e a exposição do país no primeiro semestre de 2012, o que inclui a reestruturação de oito contratos de derivativos com bancos estrangeiros em valor nominal agregado de 31,7 bilhões de euros.
Embora o relatório exclua detalhes cruciais e pareça não revelar um quadro completo sobre as potenciais perdas italianas, especialistas que o examinaram disseram ao "Financial Times" que a reestruturação permitiu que o Tesouro, que enfrentava problemas de caixa, escalonasse pagamentos devidos a credores estrangeiros por meio de extensões de prazos mas, em certos casos, sob condições mais desvantajosas.
O relatório não identifica os bancos nem oferece detalhes sobre os contratos originais --questões que preocuparam os auditores do Estado--, mas os especialistas dizem que as transações parecem remontar ao período final dos anos 90.
Naquele momento, antes e logo depois que a Itália aderiu ao euro, Roma estava maquiando suas contas ao aceitar pagamentos antecipados de bancos a fim de cumprir as metas de deficit estabelecidas pela União Europeia para adesão.
O relatório foi submetido no começo deste ano à Corte dei Conti, a organização estatal de auditoria italiana, em respeito a uma obrigação legal.
De acordo com um importante funcionário do governo que pediu que seu nome não fosse mencionado, os auditores ficaram preocupados com os números e pediram a intervenção da polícia financeira.
Em abril, policiais da Guardia di Finanza fizeram uma busca no escritório de Maria Cannata, diretora da agência de administração de dívidas do Tesouro italiano, e solicitaram mais informações sobre o anteprojeto de relatório que a agência propunha, incluindo detalhes dos contratos de derivativos originais, disse o funcionário.
O relatório de 2012 do Tesouro, que também chegou às mãos do jornal italiano "La Reppublica", não especifica as potenciais perdas que podem ser causadas pelos contratos reestruturados.
Mas três especialistas independentes consultados pelo "Financial Times" calcularam os prejuízos com base nos preços de mercado praticados em 20 de junho e concluíram que, no momento, as perdas potenciais do Tesouro poderiam chegar a oito bilhões de euros, com base em valor nominal de 31,7 bilhões de euros para os contratos em questão.
Tradução de Paulo Migliacci
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