BlackBerry cogita até venda como alternativa para conseguir se recuperar
A BlackBerry se colocou à venda como parte de uma revisão estratégica mais ampla cujo objetivo é ajudar a problemática fabricante canadense de celulares em sua batalha pela sobrevivência no ferozmente competitivo mercado de smartphones.
Em um sinal de fracasso no esforço para conter as perdas de assinantes depois do lançamento da muito alardeada linha BlackBerry 10, a fabricante do BlackBerry, um celular que no passado era praticamente obrigatório no mundo dos negócios, reconheceu na segunda-feira que precisava buscar opções para seu futuro, entre as quais uma venda ou alternativas como uma joint venture.
As ações do grupo, que caíram em mais de um terço no mês passado depois de um alerta de que a companhia não cumpriria sua meta de lucros, em junho, recuperaram quase 5% do valor perdido e fecharam perto dos US$ 11.
A esse preço para as ações, o valor de mercado da companhia é de US$ 5,3 bilhões, o que representa uma imensa queda ante sua capitalização de mercado de US$ 41 bilhões apenas três anos atrás.
A BlackBerry demorou a reagir às mudanças no mercado de telecomunicações, de acordo com os analistas. O primeiro aparelho BlackBerry foi vendido em 1999 - levando o nome da fruta que era mais parecida com o seu teclado -, e logo se tornou um favorito do mundo dos negócios, por sua atenção quanto aos e-mails e outros aplicativos de mensagens seguros.
No ano passado, uma pesquisa constatou que dois terços das companhias do Reino Unido ainda equipavam seus trabalhadores com o BlackBerry, mas o mesmo levantamento revelou que a maioria desses trabalhadores tinha outros smartphones para uso pessoal. Da mesma forma, embora 77% dos funcionários do Congresso norte-americano tenham informado usar o BlackBerry, apenas 1% deles disse que pretendia comprar aparelhos dessa marca no futuro.
A BlackBerry vai formar um comitê especial presidido por Timothy Dattels, um de seus conselheiros, para estudar suas opções, e recentes especulações sugerem que o grupo considere parcerias com grupos de capital privado ou mesmo separe seus negócios entre operações de celulares e de serviços.
Um acordo que fecharia o capital da empresa, como aquele que está em discussão na Dell, permitiria que o grupo se reconstruísse longe dos olhos do público, de acordo com os analistas. Eles questionam se a estratégia de recuperação do presidente-executivo Thorsten Heins está de fato funcionando e se a companhia poderá conter as perdas de assinantes.
Rivais como a chinesa Lenovo foram mencionados como interessados em tomar o controle da empresa, no passado, e outras companhias, como Facebook, Amazon, Microsoft e Huawei, foram apontadas por analistas como potencialmente interessadas.
No entanto, executivos financeiros alertaram que o valor dos ativos da companhia caiu nos últimos 12 meses devido à perda de assinantes pela BlackBerry e a incerteza quanto aos seus direitos de propriedade intelectual, e alertaram quanto a uma queima preocupante de reservas de caixa pela empresa.
Também existe um ângulo político, dada a presença forte dos aparelhos da empresa em governos. "Embora a Lenovo pareça ser a maior interessada em uma compra", diz Jefferies, "acreditamos que o governo dos Estados Unidos bloquearia essa aquisição devido a preocupações de segurança nacional".
Kevin Smith, analista da Macquarie Securities alertou que qualquer venda precisava acontecer rapidamente porque o núcleo básico de clientes empresariais e governamentais da companhia "agora pode começar a questionar a viabilidade da empresa".
Ele disse que uma venda não seria fácil, porém. "Dada a queima elevada de reservas de caixa e as fortes perdas de assinantes, estamos céticos quanto à disposição dos patrocinadores financeiros de aceitar alavancagem a fim de fechar o capital da empresa".
"Também estamos céticos quanto à disposição de possíveis compradores estratégicos, tais como a Lenovo, HTC ou Microsoft, de atribuir valor positivo à produção de aparelhos pela companhia", disse Smith.
O BlackBerry continua a ser apreciado por muitos usuários devido aos seus resistentes teclados físicos, mesmo em um mercado hoje dominado por telas de toque de baixa espessura.
No entanto, foi a virada para aparelhos supostamente inovadores seguindo esses modelo, com base na plataforma BlackBerry 10, completamente nova, que causou a recente preocupação dos investidores, dadas as vendas iniciais decepcionantes dos novos aparelhos.
Quando enfim os aparelhos foram lançados, depois de muitos adiamentos, os analistas disseram que lhes faltavam claras vantagens tecnológicas sobre o grande número de smartphones já disponíveis nos mercados, um problema exacerbado por uma plataforma com muito menos aplicativos e serviços.
As vendas demoraram a ganhar impulso em um mercado dominando por smartphones Android baratos bem como pelo popular Apple iPhone, com a Nokia e a Microsoft lutando pelo terceiro lugar com seus celulares Windows recentemente relançados.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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