Taxa média de juros sobe pelo 2º mês consecutivo e concessão de créditos cai
Refletindo o novo ciclo de aperto monetário, a taxa média de juros com recursos livres --empréstimos concedidos pelos bancos de acordo com as condições de mercado-- subiu pelo segundo mês seguido e chegou a 27,5% em julho, alta de 0,9 ponto percentual em relação a junho, segundo dados do Banco Central divulgados nesta quinta-feira (29).
A autoridade monetária vem reajustando a taxa básica de juros (Selic) com altas consecutivas desde abril. A subida dos juros torna mais caro fazer compras parceladas e tomar empréstimos, o que desestimula o consumo.
Foi justamente no segmento de pessoas físicas que a alta foi mais expressiva. A taxa média ficou em 36,2% ao ano, aumento de 1,4 p.p. Já no de pessoas jurídicas, a alta foi de 0,6 p.p, chegando a 20% a.a.
Na categoria de recursos direcionados --que incluem os financiamentos concedidos pelo BNDES, o crédito habitacional e o rural - a taxa permaneceu praticamente estável, com pequena elevação de 0,1 p.p, chegando a 7,2%.
O aumento veio das linhas para pessoas físicas, onde a taxa média chegou a 6,8%. No segmento de pessoas jurídicas a taxa permaneceu em 7,4%.
A taxa média de juros total praticada no país chegou a 19,1%, alta de 0,6 p. p. em relação a junho.
INADIMPLÊNCIA ESTÁVEL
O aumento dos juros não produziu efeito na inadimplência média, que permaneceu estável. No segmento de recursos livres ela se manteve em 5,2%. Já no crédito direcionado houve pequena queda de 0,1 p.p para 1% do total da carteira.
O fenômeno já havia sido previsto pelo Banco Central no mês passado. Segundo a autoridade monetária, a tendência era de que a inadimplência continuasse recuando diante da decisão dos bancos de se tornarem mais seletivos na concessão de crédito.
CONCESSÃO EM QUEDA
Como a alta na taxa de média de juros, a concessão de crédito caiu pela segunda vez consecutiva. Em julho, a queda foi de 3,3%, frente um recuo de 3,8% em junho. No total, foram concedidos R$ 294,4 bilhões no mês passado.
Tal retração foi causada pela queda expressiva dos empréstimos com recursos direcionados, que caíram 30,9%. Nesta categoria, o crédito para pessoas jurídicas foi o que mais recuou: 42,3%. Já o para pessoas físicas a queda foi de 13,9%.
O saldo total de empréstimos no país chegou a R$ 2,546 trilhões ou 55,1% do PIB (Produto Interno Bruto). No mês anterior, a proporção era de 55,2%.
SPREAD
O spread bancário total --diferença entre o custo de captação e o valor cobrado do tomar de empréstimo e que constitui a maior parte do lucro bancário-- aumentou 0,5 p.p, chegando a 11,4 p.p.
Desde janeiro deste ano indicador não subia e, em junho, havia alcançado o menor nível da série histórica do BC, de março de 2011.
SEM DÍVIDAS
Quem está endividado e quer voltar a ficar no azul deve seguir algumas orientações. Em primeiro lugar, é preciso renegociar as dívidas e pagar as com juros mais altos, como as de cartão de crédito e do cheque especial. Outra dica é tomar um empréstimo com juros menores para cobrir o crédito atrasado ou negociar as condições com o próprio banco.
Veja dez passos para controlar suas finanças
Depois de se livrar das dívidas, é hora de organizar o orçamento para começar a poupar. O primeiro passo é colocar todos os gastos na ponta do lápis. E isso inclui as despesas fixas, como aluguel, gás e luz, por exemplo, e as supérfluas, como o cinema do fim de semana, explica a planejadora financeira Letícia Camargo. Desta forma é possível identificar para onde está indo o dinheiro e evitar desperdícios.
Com todos os gastos calculados, programe-se para fazer sobrar dinheiro e começar uma aplicação. "Assim que o salário bater na conta, retire a parte destinada ao investimento", recomenda.
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