FMI adverte que o Brasil está vulnerável
Em nota encaminhada ontem à cúpula do G20, que se inaugura amanhã em São Petersburgo, o Fundo Monetário Internacional advertiu que a suspensão do programa de estímulos monetários pelos EUA -anunciada em maio, mas ainda não implementada- causa riscos aos países emergentes, citando o Brasil e a China como os maiores responsáveis eventuais para um crescimento lento da economia mundial.
Brasil e Argentina antecipam volta do protecionismo
O FMI faz apelo idêntico ao que o governo brasileiro trouxe para a cúpula, conforme a Folha antecipou anteontem: cuidado com o desmantelamento do chamado "afrouxamento monetário", que representou uma injeção formidável de dinheiro nas veias da economia norte-americana.
O argumento é que a taxa de juros virtualmente zerada nos EUA pode subir agora que a economia volta a crescer, mas a operação tem que ser cuidadosa para evitar que o dinheiro que se dirigiu aos emergentes volte desordenadamente aos países ricos, causando a turbulência cambial que é o tema do momento na agenda global.
O primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, fez, em voz alta, pedido idêntico ao que o governo brasileiro faz em voz baixa, enfatizando a "necessidade de uma saída ordenada da política monetária não convencional [juros baixíssimos], de forma a evitar prejudicar as perspectivas de crescimento do mundo em desenvolvimento".
Esse apelo constará do comunicado final do G20, apurou a Folha.
Os norte-americanos não se opuseram, porque não teria a menor lógica defender uma retirada desorganizada dos estímulos.
Eles reconheceram que haverá impacto, mas o texto final da cúpula conterá também "uma mensagem de confiança de que os emergentes estão em condições de lidar bem com essa questão".
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