Análise: Impacto no Brasil da ação do BC dos EUA vai do câmbio ao investimento estrangeiro
Desde 2007 o banco central americano, o Fed, vem praticando uma política monetária expansionista, com o objetivo de minimizar os efeitos da crise no país.
Analistas esperam que Banco Central dos EUA anuncie hoje retirada de estímulos
Crise que se iniciou com a abundância de recursos para empréstimos e financiamentos nos anos anteriores, o que fez com que muitas pessoas se endividassem para comprar imóveis.
Mas, com a subida dos juros a partir de 2004, a economia americana esfriou juntamente com o aumento da inadimplência. A combinação desses dois efeitos reduziu o nível de consumo, que acabou repercutindo por toda a economia mundial.
Para contornar esses momentos de baixa atividade econômica, o Fed adotou a política de compra de obrigações da dívida pública do governo americano com o intuito de aumentar a liquidez do sistema financeiro e, assim, estimular o consumo por parte da população.
Depois de seis anos, começa-se a ter sinais de recuperação econômica, mesmo que em ritmo fraco.
Diante desse cenário, e para evitar eventual pressão inflacionária, o Fed passa a sinalizar a possibilidade de reduzir a política de aumento da quantidade de dinheiro em circulação na economia.
Apesar de haver ainda muito espaço para a economia americana crescer, essa atitude cria fortes expectativas no mercado internacional, especialmente nas economias emergentes, como o Brasil, pois muda o cenário para esses países, não necessariamente de forma positiva.
De um lado, para o Brasil, a retomada de crescimento dos EUA favorece as exportações, o que permitirá a manutenção do equilíbrio da nossa balança comercial.
Por outro lado, essa recuperação, com a provável retomada da elevação dos juros, voltará a atrair o capital para os EUA que antes estava sendo absorvido pelas economias emergentes.
Esse movimento do capital pode apreciar a moeda americana e desvalorizar o real, o que contribui para a pressão inflacionária e compromete o poder de compra da população brasileira.
Outro efeito negativo será a redução no volume de investimentos estrangeiros diretos, que poderá afetar ainda mais as condições de produção da nossa economia.
OTTO NOGAMI é professor de economia do Insper e sócio da Nogami Participações
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