Companhias combinam fornecedores e encontram desafios para coordenar softwares
Nos próximos anos, o que acontecerá aos trilhões de dólares que as companhias norte-americanas gastam com tecnologia será decidido por executivos como Jeff Allen.
Grandes empresas estão atrelando seus sistemas de computadores à mais recente onda tecnológica, e cabe a Allen e outros a espinhosa tarefa de garantir que o velho sistema funcione com os muitos sistemas novos que começam a ser adotados pelas empresas.
"Muitas companhias normais estão enfrentando dificuldades para combinar muitos softwares diferentes" de diversos fornecedores, diz Allen, vice-presidente de marketing da Standard Register, uma editora especializada e companhia de comunicações em Dayton, Ohio. No futuro, ele diz, será preciso escolher entre apenas dois ou três grandes fornecedores.
No futuro. Mas ainda não.
Os compradores de tecnologia nas empresas estudam um cardápio que combina tecnologias velhas e novas e nomes familiares e obscuros. A velha guarda de companhias como a Microsoft, Oracle, Hewlett-Packard e Dell agora conta com a concorrência de rivais mais novas como a Salesforce.com, Workday e NetSuite. Google e Amazon.com têm serviços de computação para empresas. E um novo grupo de companhias iniciantes já começa a lutar por espaço, preparado para fornecer aplicativos de uso fácil como os que os consumidores baixam para seus smartphones.
O número de escolhas confunde, e há muito em jogo: a quem você confiará seus ativos mais preciosos as informações sobre sua empresa e sobre seus clientes?
"Está acontecendo uma mudança de guarda", diz Paul Daugherty, vice-presidente de tecnologia da consultoria Accenture. "Alguns dos novos concorrentes crescerão muito, outros serão adquiridos. Os clientes querem estruturar as coisas de forma a tirar vantagem da mudança, mas é difícil".
O maior propulsor dessa mudança é a computação em nuvem, na qual o software é hospedado remotamente e acessado via Internet. Com a computação em nuvem, os custos iniciais caem muito e novas versões de software aparecem com a mesma facilidade da atualização de um smartphone, o que mantém o produto sempre atualizado.
A transição de uma companhia para a computação em nuvem também acontece tipicamente mais rápido que o antigo processo de instalação de software em máquina, que podia levar anos e requerer os serviços de dispendiosos consultores.
Mas há riscos nessa mudança. Há o medo de que os velhos fornecedores de tecnologia não compreendam a nova maneira de fazer as coisas, e com isso não possam ajudar seus clientes a desfrutar dos plenos benefícios da nova tecnologia. Já as companhias novas talvez não perdurem. E compreender tudo isso e gerenciar o processo de atualização pode ser complicado.
"Podemos fazer as coisas muito mais rápido porque não ficamos limitados pelas grandes atualizações de software a cada dois anos, com muitos consultores", diz Douglas Menefee, que dirige o departamento de consultoria de tecnologia do Schumacher Group, companhia de Lafayette, Louisiana, que administra três mil médicos de pronto-socorro em todo o território dos Estados Unidos. "Há muitos pontos problemáticos, também produtos demais, de fornecedores demais".
Essa virada para uma nova geração de fornecedores de tecnologia a empresas, abandonando as companhias que cresceram nos anos 90, já está se delineando há anos, mas se acelerou nos últimos meses, e empresas como a Dell, HP e até mesmo a Microsoft estão enfrentando dificuldades.
Da mesma forma que os consumidores estão deixando de comprar filmes e música e optando por assinaturas mensais de acesso a esse conteúdo, os compradores de tecnologia nas empresas estão deixando de lado a tecnologia como propriedade e em lugar disso recorrendo a terceiros que cuidem do trabalho para eles em troca de honorários mensais ou anuais.
Amazon e Google criaram enormes nuvens mundiais para explorar essa mudança, e querem capturar a carga de trabalho de processamento que as companhias costumavam realizar em servidores próprios, mas oferecem o serviço por uma fração do custo anterior. O legado mais duradouro de Steve Ballmer, que anunciou recentemente que se aposentará como presidente-executivo da Microsoft, talvez seja o fato de que foi sob seu comando que foi desenvolvido o serviço em nuvem da empresa, o Azure, que permitirá que ela concorra melhor nesse novo ambiente.
É improvável que as grandes da tecnologia desapareçam rapidamente, claro. Elas continuam a contar com muitos recursos que permitem que ingressem na nova onda de serviços de computação a empresas via aquisições.
O Oracle, por exemplo, gastou US$ 4,3 bilhões adquirindo três empresas de software em nuvem, e realizou outras aquisições e projetos internos de pesquisa e desenvolvimento com custo provavelmente ainda maior.
"Todos teremos de aprender novas capacidades", disse Mark Hurd, co-presidente da Oracle, a maior produtora de software para empresas.
Na segunda-feira, ela levará 60 mil clientes a San Francisco para anunciar sua estratégia de nuvem, que inclui oferecer acesso em nuvem a todos os seus apps, permitir desenvolvimento de software por terceiros para oferta em seu serviço de nuvem, e a adição de recursos de rede social aos seus produtos.
O plano de Hurd é atrair os clientes devagar, oferecendo uma ponte dos sistemas que conhecem ao novo mundo que precisam aprender. "Todos os clientes querem saber como você vai propiciar economia de tempo e dinheiro, e como os ajudará a inovar", disse o executivo.
Embora as escolhas tecnológicas continuem desafiadoras, começam a surgir sinais de consolidação ou ao menos de uma face unificada. Na semana passada, a Salesforce e a Workday anunciaram uma aliança com o objetivo de fazer com que seus produtos operem melhor juntos, e com transferência de dados entre seus serviços.
A Workday anunciou serviços de análise de dados que avançam rumo aos serviços de "big data" que a Oracle oferece, e ao mesmo tempo consolidam informações que podem extrair de produtos de outras companhias.
"Os serviços analíticos estão se unificando", diz Dan Beck, vice-presidente financeiro e de análise da Workday. "Estamos nas trincheiras com os clientes, de uma forma que as empresas mais tradicionais não conseguem reproduzir".
A Amazon introduziu um programa de "consultor confiável" que inspeciona o uso da Amazon Web Services, sua divisão de computação em nuvem, e sugere ao usuário como aproveitar melhor os recursos. O Google expandiu sua estratégia de nuvem para empresas, contratando mais programadores e vendendo novas formas de análise de dados para empresas.
Os serviços big data são vendidos como forma de ganhar eficiência e expandir as percepções. Mas eles também são uma forma de consolidar dados para os clientes. Se você controla a informação, quase automaticamente se torna o parceiro confiável ou, no jargão do setor, a "garganta única a estrangular" caso algo saia errado.
Allen diz que os mercados de apps, onde empresas agora podem comprar software da mesma forma que pessoas compram jogos e vídeos em uma loja de aplicativos, também podem ajudar a reter clientes.
"Quando você tem volume significativo de dados na plataforma de alguém, termina rapidamente preso a ela", afirma Allen. "Eles querem que você use seus apps, porque isso firma a adesão".
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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