Após faltar a leilão, Dilma prepara megaevento do pré-sal
Ausente do leilão do campo de Libra, a presidente Dilma Rousseff prepara um megaevento em Brasília para assinatura do contrato de partilha da área do pré-sal com o consórcio vencedor.
A estratégia é capitalizar política e economicamente a exploração do primeiro campo de petróleo do pré-sal pelas novas regras.
Isso estava previsto inicialmente pelo governo para ocorrer durante o leilão de segunda-feira, no Rio, mas Dilma desistiu de comparecer ao evento por causa dos protestos programados por sindicalistas e pela incerteza sobre o resultado da disputa.
O Palácio do Planalto vai convidar, para o evento, os presidentes internacionais das empresas sócias da Petrobras no consórcio vencedor da disputa: Shell (anglo-holandesa), Total (francesa) e as chinesas Cnooc e CNPC.
Segundo assessores presidenciais, o início da exploração do campo de Libra será usado pelo governo como um "grande trunfo" econômico para mostrar a "confiança" de investidores internacionais no Brasil e será uma das bandeiras eleitorais da campanha da reeleição.
PRESENÇA PRIVADA
Diante do cenário de incerteza provocado pela desistência de petroleiras como as americanas ExxonMobil e Chevron, o resultado do leilão acabou sendo comemorado pelo Planalto porque o consórcio vencedor atraiu duas grandes empresas privadas do setor: Shell e Total.
A presença das duas petroleiras serviu, segundo auxiliares da presidente, para reverter o quadro de desconfiança de analistas internacionais em relação à exploração do campo de Libra.
A assinatura do contrato, que normalmente ocorre no Rio, onde funciona a ANP (Agência Nacional de Petróleo), acontecerá num prazo de cerca de 30 dias.
Neste dia, o consórcio vencedor, único a participar do leilão, também terá de fazer o pagamento de R$ 15 bilhões de bônus de assinatura. Esses recursos serão usados pelo Tesouro para tentar cumprir a meta de superavit primário deste ano.
Ao todo, União, Estados e municípios devem poupar R$ 111 bilhões neste ano para abater a dívida pública.
O governo vai buscar capitalizar politicamente, em período de véspera da eleição presidencial, a geração de mais de R$ 1 trilhão de recursos para o Estado brasileiro durante a exploração do campo de Libra, num período de 35 anos, destacando que boa parte desse dinheiro irá para educação e saúde.
A presidente vai ressaltar ainda que o campo de Libra dará impulso extra ao crescimento da economia no próximo ano, com o início dos investimentos na região.
Ao todo, a exploração da área deve atrair investimentos da ordem de R$ 200 bilhões nos 35 anos de validade do contrato de partilha.
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