Perfil do investidor deve virar critério de acesso para aplicação de risco
Um investidor com R$ 1 milhão tem hoje acesso livre a aplicações arriscadas, como fundos que investem em empresas fora da Bolsa, em companhias nascentes (start-ups) e até papéis no exterior.
São os chamados investidores superqualificados que, em tese, têm dinheiro, conhecimento e assessoria financeira para assumir mais risco ao escolher a aplicação.
Mas será que um aposentado que juntou R$ 1 milhão por décadas ou uma dona de casa que vendeu um apartamento têm sempre perfil para uma aplicação como essas?
"Nem sempre. Queremos que o valor não seja mais a porta de entrada para esses investimentos, mas a análise do perfil de risco da pessoa", diz Carlos Massaru, vice-presidente da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
Para evitar que uma pessoa entre em uma aplicação inadequada, a Anbima e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) querem reclassificar os investidores.
Com a revisão das categorias, um investidor com menos recursos teria acesso a aplicações de maior risco, desde que tivesse perfil.
A novidade deve valer só a partir de 2014, após a CVM colocar o assunto em consulta pública para receber contribuições dos participantes do mercado de capitais.
O QUE É O PERFIL
O perfil de risco envolve aspectos como idade (quanto mais velho, menos tempo disponível para esperar o momento certo de resgatar), objetivo do investimento, diversificação (para arriscar em start-ups, a pessoa precisa ter primeiro uma boa quantia em renda fixa), além de conhecimento das aplicações.
Hoje, o valor de R$ 300 mil define os chamados qualificados, aptos a comprar cotas de fundos de alto risco, aplicações sem resgate diário e papéis como CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários), entre outros. Já para os superqualificados, a nota de corte é de R$ 1 milhão.
Além do volume disponível, o investidor ainda tem de assinar um documento declarando sua qualificação.
RISCOS
Mas há riscos em adotar uma classificação dos investidores por perfil. Uma das preocupações é evitar que determinados investimentos, com taxas de administração altas e taxas de performance (cobradas conforme o rendimento), sejam disseminados aos clientes pelos bancos.
Isso porque as instituições financeiras e os gerentes ganham mais vendendo esses produtos. Uma forma de contornar o problema é instituir valores ainda elevados para entrar nessas aplicações -por exemplo, de R$ 100 mil.
"Poderia ser uma mescla de perfil de risco e de volume de aplicação. O valor poderia ser menor do que o atual, mas elevado o suficiente para evitar a entrada em determinados produtos com volumes pequenos", afirma Fabio Colombo, administrador de investimentos.
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