Indústria volta a crescer após dois meses, mas fica abaixo do previsto
Apesar de um cenário de juros mais altos, crédito mais caro e restrito e consumo enfraquecido, a indústria esboçou uma reação e voltou a crescer após dois meses de atividade fraca.
A produção do setor avançou 0,7% em setembro, abaixo das expectativas de mercado, que previam avanço entre 1% e 1,5%. Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (1).
Para André Macedo, gerente da pesquisa de indústria do IBGE, o resultado de setembro indica uma "situação melhor", mas que não "reverte" as perdas registradas nos meses anteriores. Em agosto, a indústria havia ficado estável, após uma forte queda de 2,4% em julho.
"Há uma recuperaçãozinha em setembro. A indústria, porém, ainda acumula uma perda de maio a agosto maior." Nesse período, a queda chega a 2,3%.
Segundo Macedo, o consumo mais fraco, a inflação mais alta (que compromete a renda das famílias) contribuem para a redução da produção especialmente da categoria de bens de consumo semi e não duráveis (alimentos, remédios, vestuário e outros), que teve a queda mais expressiva de agosto para setembro (1,4%).
"Não tivemos uma expansão disssemidada. Só duas categorias tiveram expansão." Macedo faz referência a de bens duráveis (2,3%), que cresceu na esteira da maior fabricação de automóveis, e bens de capital (4%), com expansão da produção de caminhões e máquinas e equipamentos. Essa última categoria sinaliza o ritmo dos investimentos na economia.
O setor vive um ano de comportamento errático, com altos e baixos da produção muito intensos, dizem analistas.
Dois são os motivos: a grande oscilação do número de dias úteis entre os meses e principalmente as idas e vindas das medidas de estímulo do governo, com a redução do IPI (cujo desconto da alíquota foi prorrogado no início do ano, antes de reduzido ou eliminado) e de desoneração da folha de pagamento.
Muitos setores anteciparam a produção e fizeram estoques na expectativa do fim do incentivo principalmente no segundo trimestre, reduzindo o ritmo de produção a partir de junho.
O aumento dos juros e a perspectiva de um fraco crescimento da economia também contribuíram para abalar a confiança de empresários, que pisaram no freio e replanejaram a velocidade de suas linhas de produção diante da expectativa de um consumo mais fraco.
Abaixo das expectativas do mercado, a indústria encerrou o terceiro trimestre com alta de 0,8% na comparação com o mesmo período de 2012, após mostrar uma alta expressiva de 4,4% no segundo trimestre.
Na comparação com os nove primeiros meses de 2012, o setor registra ainda uma pequena melhora e acumula alta de 1,6% em relação ao período de janeiro a setembro de 2012.
Em setembro, a indústria registrou crescimento de 2% em relação ao mesmo mês do ano passado, mantendo a alterando a trajetória desse indicador em agosto (-1,2%). No índice acumulado em 12 meses encerrados em setembro, a produção mostrou ligeiro avanço de 1,1%.
SETORES
De agosto para setembro, as altas de destaque entre os setores ficaram com veículos automotores (6,2%) --beneficiado pela prorrogação do IPI reduzido-- outros equipamentos de transporte (8,6%, alta sob impacto da produção de aviões) e outros produtos químicos (2,7%).
Já as quedas de maior impacto foram registradas pelos ramos de edição e impressão (12,2%), refino de petróleo e produção de álcool (10,5%) e vestuário e acessórios (10,5%).
Os dados setoriais mostram que a expansão da indústria em setembro não foi generalizada e concentrou-se em ramos com grande peso, como veículos e química. Dos 27 setores pesquisados, houve crescimento em 13, queda em outros 13 e estabilidade em uma atividade.
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