Indústria de São Paulo cai e provoca desaceleração do setor no 3º trimestre
A indústria pisou no freio no terceiro trimestre e registrou um fraco desempenho em nível nacional. Esse movimento foi influenciado, em grande medida, pela queda da produção nas fábricas do Estado de São Paulo, força motriz do setor no Brasil.
Responsável por cerca de 40% do volume de produção industrial do país, a indústria paulista perdeu ritmo e caiu 0,3% de julho a setembro, após uma alta de 5,2% no segundo trimestre. O bom desempenho de então puxou para cima a taxa em nível nacional --que subiu 4,4%, contra uma avanço bem mais moderado no terceiro trimestre (0,8%).
"A piora da indústria bastante acentuada no terceiro trimestre, irá puxar o PIB para baixo. Chama ainda muito atenção esse ritmo de São Paulo, que vai ditar o ritmo da indústria como todo nos próximos meses. Minas Gerais e Rio de Janeiro, outros importantes Estados para a indústria, também têm oscilado muito e não mostram uma tendência clara. Além da indústria extrativa, Minas sofre também com a crise da siderúrgica [com sobra de capacidade e produção em queda]", diz Rogério Souza, economista do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
Apesar de a maioria das regiões ter registrado expansão do segundo para o terceiro trimestre --9 entre os 14 pesquisados pelo IBGE--, muitas áreas importantes, além de São Paulo, tiveram queda ou registraram desaceleração --como Rio de Janeiro e Amazonas, ambos com altas de apenas 0,5% no terceiro trimestre. Oito das nove regiões com crescimento perderam dinamismo, diz o IBGE.
Já dentre os Estados com desempenho negativo, está Minas Gerais (-2,2%), importante parque fabril do país especialmente na cadeia automotiva e na extração de minério de ferro --os dois setores tiveram um trimestre mais fraco desempenho no período, segundo o IBGE. Acumularam perdas no período ainda Pará e Espírito Santo, também muito dependentes da produção e do escoamento do minério de ferro.
SÃO PAULO
Retrato do setor no país, a indústria paulista, a mais diversificada e com maior conteúdo tecnológico do Brasil, é a que mais se beneficia em tempos de bonança, mas também tende a ser a mais prejudicada em períodos de crise. Ainda mais em épocas de baixo crescimento global.
Das fábricas do Estado parte o maior volume de itens destinados à exportação, sobretudo aqueles de maior valor. Por outro lado, a indústria de São Paulo sofre mais com a invasão de produtos importados, algo cada vez mais comum diante do consumo declinante ainda em importantes mercados --o que leva a indústria da Europa e de países emergentes com crescimento mais baixo atualmente a espalharem seus produtos ao redor do mundo custo baixo.
AGRONEGÓCIO
Nem todas as notícias do trimestre são ruins. Estados ligados ao agronegócio, ainda que alguns tenham crescimento menor no terceiro trimestre, mantiveram bons resultados. O melhor desempenho ficou com o Paraná --alta de 10,9%. Também registraram expansão em ritmo forte Goiás (9%) e Rio Grande do Sul (8,3%), além de Santa Catarina (3,7%).
Esses Estados se beneficiaram da safra recorde deste ano, especialmente a de soja, cujo principal destino é o mercado externo. Com a maior renda no campo, os agricultores renovaram suas máquinas e equipamentos --e contaram para tal com financiamento a custo muito baixo do BNDES-- e consumiram mais fertilizantes, movimentando a indústria dessas regiões, que também produzem esses bens.
SETEMBRO
Pelos dados do IBGE, a produção industrial cresceu em seis dos 14 locais pesquisados de agosto para setembro, o que mostra a perda de ritmo mais acentuada no último mês do trimestre e um crescimento concentrado em poucas regiões e setores.
Os destaques de alta ficaram com Bahia (6,8%), Rio de Janeiro (4,4%) e Goiás (4,1%). Já os piores resultados foram registrados por Pernambuco (8,2%), Paraná (-2,4%), Ceará (-2,2%) e São Paulo (-2,1%). A perda da indústria paulista foi a de maior peso na indústria nacional, cuja expansão ficou limitada a 0,7%.
COMPARE AS TAXAS (em %)
Região | 2º trimestre.2012 | 3º trimestre.2013 |
---|---|---|
Paraná | 6,4 | 10,9 |
Goiás | 4,1 | 9 |
Rio Grande do Sul | 8,5 | 8,3 |
Bahia | 9,6 | 5,5 |
Ceará | 2,9 | 5,1 |
Santa Catarina | 2,3 | 3,7 |
Nordeste | 5,1 | 1 |
Amazonas | 5,4 | 0,5 |
Rio de Janeiro | 1,8 | 0,5 |
São Paulo | 5,2 | -0,3 |
Pará | -14,3 | -1,6 |
Pernambuco | 4,3 | -1,7 |
Minas Gerais | 1,2 | -2,2 |
Espírito Santo | -6,7 | -3,1 |
Brasil | 4,4 | 0,8 |
FONTE: IBGE
Para Souza, do Iedi, o quarto trimestre pode ser "um pouco melhor" do que o terceiro, mas não "será bom nem robusto" o suficiente para apontar um "crescimento mais consistente". "Vamos terminar o ano com a indústria em passo lento e o setor deve entrar em 2014 no mesmo ritmo."
O economista espera "taxas pequenas" de crescimento da indústria, mas numa tendência mais constante --sem a alternância de quedas e altas deste ano. Souza vê ainda uma leve retomada da confiança de empresários para 2014 --o que pode resultar em investimentos no aumento da produção e na ampliação da capacidade de suas fábricas.
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