Sem reajuste em 2014, distribuidoras de energia temem novos rombos no caixa
Para evitar altos reajustes na conta de luz em 2014, o que dificultaria o controle da inflação, o governo pode manter o socorro às distribuidoras dado neste ano -medida que está custando bilhões ao Tesouro Nacional.
Até outubro, foram repassados R$ 13,3 bilhões de fundos setoriais, geridos pelo Tesouro, para cobrir buracos no caixa dessas empresas, estima a PSR consultoria.
Esse socorro foi necessário porque, após algumas geradoras terem se recusado a renovar as suas concessões em 2012, as distribuidoras ficaram subcontratadas em 2.000 MW médios e foram obrigadas a comprar esse volume no mercado de curto prazo, a preços mais altos.
Além disso, elas tiveram de arcar temporariamente com o alto custo do acionamento das termelétricas, o que também sacrificou o caixa.
Agora, o temor é que, caso o leilão de energia já existente fracasse na semana que vem, as distribuidoras voltem a ficar subcontratadas e precisem recorrer novamente ao mercado de curto prazo.
A preocupação aumenta diante da possibilidade de o preço da energia voltar subir muito em 2014, como ocorreu neste ano. Nesse caso, o problema de caixa enfrentado pelas distribuidoras neste ano se repetirá em 2014.
"Se o PLD [preço de liquidação de diferenças, referência para os negócios no mercado de curto prazo] se afastar muito do valor praticado no leilão, o governo pode fazer um aporte com recursos do Tesouro para segurar o ônus das distribuidoras em 2014, sem a necessidade de aumentar as tarifas", diz Priscila Lino, consultora da PSR.
Dessa forma, o governo postergaria o repasse para os anos seguintes, exatamente como tem feito em 2013.
A conta, no entanto, chegará ao consumidor mais cedo ou mais tarde.
A partir de 2014, as distribuidoras precisam começar a reembolsar o Tesouro pelos repasses que foram feitos em 2013. Esse pagamento será feito em um prazo de cinco anos para pesar menos na inflação, já que a fonte desses recursos será um valor a mais a ser cobrado na conta de luz, ainda a ser definido pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
MOBILIZAÇÃO
Preocupadas com a possibilidade de ficarem novamente subcontratadas em caso de fracasso do leilão, as distribuidoras já apresentaram possíveis soluções ao governo federal, segundo Marco Delgado, diretor da associação das distribuidoras, sem detalhar as propostas.
Para Britaldo Soares, presidente do grupo AES Brasil (dono da Eletropaulo), só há dois caminhos: aumento de tarifa ou mais subsídios.
"Temos discutido com o ministério, com a Aneel e com a Secretaria do Tesouro sobre como se vai cobrir isso [impactos no fluxo de caixa]."
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