Alta do IOF derruba interesse por cartão 'pré-pago'
Com o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para gastos no exterior em transações como no cartão pré-pago, a procura por esse tipo de produto despencou até 80% em corretoras consultadas pela Folha.
Em algumas casas de câmbio, os pré-pagos, que representavam pelo menos metade do volume total vendido em moeda estrangeira, agora -um mês após a elevação do tributo- correspondem a cerca de 10%.
Foi o caso da TOV Corretora, de acordo com Fernando Bergallo, diretor de câmbio da empresa.
Em média, a redução da demanda em seis corretoras consultadas pela Folha foi de 40%, enquanto a busca por dinheiro em espécie aumentou na mesma proporção.
Em 27 de dezembro, o governo subiu de 0,38% para 6,38% a alíquota de IOF nos pagamentos em moeda estrangeira feitos com cartão de débito, saques em moeda estrangeira no exterior, compras de cheques de viagem (traveler check) e carregamento de cartões pré-pagos com moeda estrangeira.
"A alteração representa hoje aumento de custo de R$ 0,12 por dólar. Assusta o consumidor", diz Bergallo.
Luiz Ramos, diretor comercial da Fitta Turismo, também sentiu impacto no volume de operações. "Houve 45% de queda na procura pelos pré-pagos e uma migração quase que total desse volume para moedas em espécie", afirma.
Para Ramos, o aumento do IOF pode ter ainda outra consequência: o incentivo ao câmbio ilegal.
"Em algumas regiões onde o mercado paralelo é mais presente, houve redução da venda do pré-pago sem uma migração acentuada para dinheiro em espécie. Acreditamos que nem todo mundo passou a procurar mais moedas vendidas oficialmente."
Para o consumidor, o principal risco do câmbio ilegal é não haver registro oficial da operação, pois não há emissão de nota. Com isso, o turista pode ser barrado na imigração ao ter de explicar a origem do dinheiro que carrega.
Vale lembrar que é obrigatório fazer a declaração eletrônica de bens de viajantes ao sair do Brasil ou entrar no país com mais de R$ 10.000 em moeda local ou estrangeira.
MEDIDAS
Em razão da queda da procura, as corretoras se movimentam para tentar atrair o consumidor de volta ao cartão pré-pago.
De acordo com Ricardo Sales, superintendente de câmbio para varejo do Banco Máxima, uma das estratégias é oferecer desconto de 2% na cotação para quem carregar dinheiro no pré-pago.
Outras empresas do ramo, como a Super, estudam a possibilidade de implantar programas de benefícios para fidelizar clientes que utilizam o produto -similar ao de acúmulo de pontos para troca por milhas aéreas.
Para consultores, apesar do aumento de custo, o cartão pré-pago ainda oferece vantagens ao turista na comparação com o dinheiro vivo -principalmente em segurança, pois é possível cancelar o cartão em caso de furto ou perda na viagem, por exemplo.
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