Petroleira BP banca estudo sobre preconceito contra gays
A BP está bancando um novo estudo mundial sobre os desafios que os funcionários homossexuais, bissexuais e transexuais enfrentam em multinacionais, sete anos depois que o lorde John Browne, que escondeu sua homossexualidade por décadas, deixou o posto de presidente-executivo da companhia.
O novo trabalho, a ser executado pelo Center for Talent Innovation, de Nova York, vai estudar de que forma as companhias podem ser uma "força para a mudança", para funcionários homossexuais, bissexuais e transexuais.
O estudo examinará o efeito da discriminação contra homossexuais, bissexuais e transexuais em todo o planeta, incluindo em companhias de rápido crescimento na Índia, na Nigéria, na África do Sul, na Turquia, no Brasil e na Rússia, esta última um país no qual a BP está presente por meio de participação de 20% na Rosneft.
Sylvia Ann Hewlett, que fundou o Center for Talent Innovation dez anos atrás, disse que, "cada vez mais, quando você está trabalhando em alguns desses países, a cultura local parece estar andando na direção errada [para os funcionários homossexuais, bissexuais e transexuais]".
Desde que deixou seu posto na BP, o lorde Browne vem se pronunciando com franqueza sobre as pressões do setor petroleiro que o impediam de declarar sua sexualidade. Em dezembro, ele disse à BBC que vivera "duas vidas" quando trabalhava na BP.
"Era como se a homossexualidade fosse removida da minha vida por um retoque fotográfico", ele disse. "A atmosfera da empresa era tão heterossexual que eu nem pensava no assunto."
A BP se juntou a Google, Barclays e EY, no ano passado, como patrocinadora empresarial fundadora da OUTstanding in Business, rede cujo objetivo é destacar exemplos de comportamento entre as empresas dos índices FTSE 100 e S&P 500 e encorajar os executivos homossexuais, bissexuais e transexuais a sair do armário.
O primeiro estudo do Center for Talent Innovation sobre funcionários homossexuais, bissexuais e transexuais, realizado em 2011, detalhou as consequências sofridas por aqueles que ocultam sua orientação sexual no trabalho, revelando que eles tinham probabilidade 40% menor de confiar no empregador e 73% maior de deixar a companhia em três anos do que as pessoas assumidas.
A BP deve ser uma entre diversas patrocinadoras empresariais da pesquisa mundial sobre o tema, cujos resultados serão publicados em 2015. A pesquisa é um dos projetos novos do Center for Talent Innovation, relacionados ao que a organização define como "questões urgentes de direitos humanos para garantir o bem-estar e o progresso dos trabalhadores".
Outras das novas pesquisas incluirão estudos paralelos sobre o "poder das bolsas" -a importância das mulheres nos setores de saúde e financeiro- e um projeto separado quanto à ambivalência das mulheres em assumir posições de liderança em companhias multinacionais.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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