BC confirma apostas e sobe o juro básico, a Selic, para 10,75% ao ano
Com as perspectivas de crescimento econômico em queda neste ano eleitoral, o Banco Central decidiu moderar o ritmo de alta dos juros.
Em decisão unânime, o BC informou que a taxa Selic, referência para o rendimento das aplicações financeiras e para o custo dos empréstimos bancários, subirá de 10,5% para 10,75% ao ano.
A medida leva os juros de volta ao mesmo percentual em vigor no início do mandato de Dilma Rousseff, que fez da queda das taxas uma de suas bandeiras políticas.
Um ano atrás, a Selic estava em 7,25%, o menor patamar desde que a taxa foi criada, em 1986. O recorde, porém, não resultou na esperada aceleração do consumo e dos investimentos.
O crescimento do PIB em 2013, a ser divulgado em números precisos hoje, ficou em torno de 2%. Para este ano, analistas e investidores esperam taxa ainda mais baixa.
Além da debilidade econômica, outros movimentos do governo e do mercado financeiro provavelmente contribuíram para a decisão de elevar menos os juros, mesmo com os preços ainda subindo bem acima do desejado.
A iniciativa mais vistosa foi o anúncio de uma meta de superavit primário -a poupança que os governos fazem para o abatimento da dívida pública- para 2014 equivalente a 1,9% do PIB.
O percentual é o mesmo atingido no ano passado, que foi o mais baixo desde 1998, mas sua divulgação contribuiu para mitigar as expectativas de disparada de gastos públicos no ano
eleitoral.
Também perderam força nos últimos dias preocupações com uma escalada mais aguda do dólar em consequência da recuperação dos EUA -tendência que encareceria os importados, pressionando a inflação e exigindo mais elevações dos juros.
No texto em que comunicou sua decisão de ontem, o BC se limitou a dizer que dava "prosseguimento ao processo de ajuste da taxa básica de juros, iniciado na reunião de abril de 2013".
Sumiu do comunicado o destaque de que a decisão se deu "neste momento".
Para o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, a expressão, usada na nota que acompanhou a decisão anterior, em janeiro, reforçava o sentido de se tratar de um período diferente dos demais. Com a mudança, o BC não se comprometeu com nenhuma nova decisão.
"[Agora] É um momento parecido com os outros, o futuro da Selic está em aberto."
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