Indicador do BC mostra que ano começa bem, mas há dúvidas sobre recuperação
A avaliação de que a economia brasileira começou o ano melhor que o esperado pela maior parte dos economistas ganhou força hoje com a divulgação do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central). Ainda há dúvidas, no entanto, em relação à continuidade dessa recuperação.
O indicador do BC cresceu 1,26% em janeiro em relação a dezembro. Essa é a maior taxa mensal de expansão desde dezembro de 2009, quando o crescimento também foi de 1,26%. Para fevereiro, a expectativa dos analistas é de um resultado também positivo, mas com crescimento mais moderado.
O resultado de janeiro reflete o bom desempenho da indústria e do comércio no período, que mostraram forte recuperação em relação ao fim do ano passado. Nem todos os sinais, no entanto, são de retomada do crescimento.
O indicador do BC aponta, por exemplo, que a taxa de crescimento em 12 meses desacelerou de 2,52% no fim de 2013 para 2,29%. E o resultado nos últimos três meses (novembro-janeiro) ainda é de queda em relação aos três meses anteriores (agosto-outubro), com recuo de 0,47%.
"Foi uma consequência dos números bons que tivemos na semana, que vieram melhor que o esperado", disse o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otavio de Souza Leal, em referência aos dados da indústria e do comércio.
Segundo Leal, antes desses dois dados, a expectativa para o IBC-Br era de alta entre 0,7% e 0,8% em janeiro.
Para o economista, os números mostram que o PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre deve ficar próximo de uma expansão de 0,5%. Anteriormente, ele estimava um resultado mais próximo da estabilidade.
"Também não é nenhum dado para se comemorar, mas é preciso ver de onde partimos. Na virada do ano, a expectativa era que poderíamos estar em recessão técnica e que o início de 2014 seria ruim. Esse piora de cenário não está se concretizando."
O economista-sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano, afirmou que o número de janeiro também reflete a base fraca de comparação, após a queda de 1,40% em dezembro ante novembro, embora tenha vindo acima do esperado por ele. Apesar de projetar um crescimento do PIB de até 0,5% no primeiro trimestre em relação ao quarto trimestre de 2013, Serrano não modificou a projeção de crescimento do PIB entre 1,5% e 2% em 2014.
"O dado surpreendeu um pouco, mas é meio como um espasmo. Não temos percebido ganho de impulso para a atividade. A perspectiva de médio prazo é muito modesta", disse.
"Devemos ter meses bons com meses mais fracos na sequência. Para fevereiro, esperamos um IBC-Br mais moderado."
INDÚSTRIA E VAREJO
A expansão em janeiro decorre de dados melhores do que o esperado tanto da indústria quanto do varejo, apontando para um certo fôlego no início deste ano, mas ainda encarado com cautela pelos agentes econômicos.
Enquanto a produção industrial avançou 2,9% no primeiro mês do ano sobre o anterior, as vendas varejistas subiram 0,4% no período.
"A indústria e o varejo estavam deixando a desejar, então o desempenho melhor deles levou o IBC-Br para este patamar acima do que estávamos observando", disse a economista da CM Capital Markets Camila Abdelmalack.
O IBC-Br já foi considerado uma prévia do crescimento do PIB, mas o descolamento entre os dois índices levou o mercado a não fazer mais essa comparação.
O indicador do BC leva em conta a trajetória das variáveis consideradas como bons indicadores para o desempenho dos setores da economia (agropecuária, indústria e serviços). A estimativa do IBC-Br incorpora a produção estimada para os três setores acrescida dos impostos sobre produtos.
O PIB calculado pelo IBGE, é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país durante certo período.
Com agências de notícias
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