Bancos e distribuidoras assinam empréstimo para salvar setor elétrico
O contrato de empréstimo de R$ 11,2 bilhões, valor necessário para salvar as distribuidoras de energia, foi assinado na manhã desta sexta-feira (25) pelos dez bancos envolvidos na operação e representantes do setor elétrico capitaneados pela CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica).
As empresas precisaram contrair a dívida para arcar com os preços de energia cobrados pelas geradoras no início deste ano.
Com o término de contratos de fornecimento no ano passado, as distribuidoras deixaram de receber 3,2 mil megawatts. Para manter a capacidade de distribuição de energia, essas empresas agora são obrigadas a comprar no mercado à vista, pagando o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), que atualmente está em R$ 822,83.
O governo tentou, em junho de 2013, por meio de um leilão, fechar esse buraco. No entanto, as geradoras não disponibilizaram energia, reclamando dos baixos preços impostos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
O ministro interino de Minas e Energia (MME), Márcio Zimmermann, garantiu que, com o empréstimo e o próximo leilão de energia, marcado para o dia 30 de abril, a saúde financeira das distribuidoras será resgatada. O consumidor, no entanto, sofrerá com o aumento nas tarifas. Os recursos que garantirão o pagamento do empréstimo sairão da chamada CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), encargo presente na conta de luz. O MME não soube precisar quanto os preços subirão.
As primeiras distribuidoras que irão repassar os preços ao consumidor são as com reajustes marcados para fevereiro de 2015, CPFL (SP) e Energisa (PB). O calendário de reajustes se estende até novembro de 2015, quando as empresas começarão a pagar os empréstimos.
Embora o montante de R$ 11,2 bilhões seja de verba disponível, o presidente da CCEE, Luiz Eduardo Barata Ferreira, avalia que as empresas esgotarão os recursos. "As liquidações dos primeiros dois meses do ano já consumiram R$ 9 bilhões das distribuidoras. Isso representa dois terços de tudo o que foi pago no ano passado. Então, elas precisam destes recursos", diz.
BANCOS "PUXAM" RECURSOS
A Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil são os bancos que mais disponibilizarão recursos no empréstimo feitos às distribuidoras. Cada um liberará R$ 2,45 bilhões, com prazo para novembro de 2017.
Itaú e Bradesco somaram R$ 2 bilhões cada um, e o Santander com mais R$ 1 bilhão. Veja, abaixo, a participação de cada banco.
BANCO | PARTICIPAÇÃO | PARTICIPAÇÃO (em %) |
---|---|---|
Banco do Brasil | R$ 2,45 bilhões | 21,88% |
Caixa Econômica Federal | R$ 2,45 bilhões | 21,88% |
Bradesco | R$ 2 bilhões | 17,86% |
Itaú-Unibanco | R$ 2 bilhões | 17,86% |
Santander | R$ 1 bilhão | 8,93% |
Citybank | R$ 500 milhões | 4,46% |
BTG Pactual | R$ 400 milhões | 3,57% |
Merrill Lynch | R$ 200 milhões | 1,79% |
JP Morgan | R$ 100 milhões | 0,89% |
Credit Suisse | R$ 100 milhões | 0,89% |
TOTAL | R$ 11,2 bilhões | 100% |
Fonte: CCEE
Zimmermann lembrou que o volume de energia demandado pelas distribuidoras e que não está contratado é o principal motivo para a crise financeira das empresas. Ele espera que o leilão compensará, ao menos, parte desse "buraco". "Esperamos que as geradoras, que não entraram no leilão do ano passado entrem dessa vez. Com isso, até mesmo o valor retirado desse empréstimo pode ser reduzido", explica.
O buraco de cerca de 3,2 mil megawatts se aproxima de metade da capacidade de geração da Usina de Itaipu.
SAÍDA DE CONSELHEIROS
Na última quarta-feira (23), três conselheiros da CCEE renunciaram a seus cargos na Câmara, alegando questões pessoais. O presidente do conselho afirma que não foram feitas deliberações sobre os motivos da saída, mas desconfia que houve descontentamento com as negociações para o empréstimo.
"Eles participaram de todo o processo que culminou nesse empréstimo, e de repente, saíram. Ninguém é bobo o suficiente para não desconfiar dos motivos. É possível que haja relação entre as duas coisas. Mas eles não nos explicaram nada, apenas alegaram problemas de foro íntimo", diz Barata.
editoria de arte/folhapress | ||
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