Falta de cultura afasta empresas da Bolsa
A necessidade de melhorar a cultura organizacional da empresa para se adaptar às rotinas de uma companhia aberta é apontada por médios empresários como o principal entrave à abertura de capital.
Essa dificuldade é citada por quase 50% dos executivos, superando a volatilidade do mercado (34,0%) e os custos da operação (31,4%).
O resultado faz parte do estudo Incentivos à Abertura de Capital no Brasil, com respostas de 159 empresários responsáveis por companhias com faturamento anual de pelo menos R$ 25 milhões.
Conduzida pela Fundação Dom Cabral, a pesquisa faz parte dos trabalhos do Comitê Técnico de Ofertas Menores, formado por órgãos como a BM&FBovespa, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e o BNDES.
O objetivo da comissão é fomentar a entrada de pequenas e médias companhias no mercado de ações.
De acordo com Rodrigo Zeidan, professor da Dom Cabral, a falta de preparação é reflexo de um longo período de inflação alta no país, que atrasou o desenvolvimento de uma cultura de planejamento de longo prazo.
"Uma empresa de capital aberto precisa ter um planejamento estratégico profissional, remunerar executivos, oferecer incentivos de forma correta e estar focada em gerar valor para o acionista, coisas que elas ainda estão aprendendo a fazer", diz.
Para Zeidan, a quantidade de negócios prontos para abrir capital deve aumentar no médio prazo (a partir de cinco anos), à medida que surjam casos de sucesso.
Bruce Mescher, sócio da consultoria Deloitte, diz que as adaptações para que a companhia possa negociar ações trazem outros benefícios. Ter informações financeiras confiáveis e auditadas pode facilitar a busca por um investidor e por financiamento nos bancos.
A Bolsa de Valores no Brasil tem sido uma alternativa de financiamento reservada a companhias de grande porte. Desde 2007, somente duas captações por meio de IPO (ofertas iniciais de ações) foram menores do que R$ 100 milhões, de um total de 110 operações realizadas.
O Bovespa Mais, segmento de acesso criado em 2006 para a entrada de pequenas e médias empresas, tem até nove listadas -a Bolsa conta com 370 companhias.
INCENTIVOS
Para incentivar o desenvolvimento desse mercado, o comitê de ofertas menores propôs 12 medidas. Uma das intenções é reduzir os custos da operação.
No caso da Senior Solutions, que captou R$ 57 milhões em uma oferta de ações em 2013, foram gastos R$ 150 mil no processo de listagem (antes da operação em si).
A oferta de ações propriamente custou R$ 2,54 milhões, incluindo comissões de profissionais envolvidos, tributos e taxas. A empresa havia faturado R$ 50 milhões no ano anterior.
Entre as medidas já em vigor está a dispensa de publicação em jornais de anúncios relacionados a ofertas de ações e fatos relevantes para os acionistas.
Como resultado da pesquisa com os empresários, o grupo prevê a elaboração de um programa de capacitação sobre o tema, que deve ser disponibilizado gratuitamente às instituições de ensino interessadas, afirma Cristiana Pereira, diretora de desenvolvimento empresarial da BM&FBovespa.
Ainda não há previsão de conclusão do material.
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Atualizado em 31/07/2024 | Fonte: CMA | ||
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