IBGE volta atrás e retoma divulgação da Pnad Contínua
Após a crise institucional que abalou o órgão, a direção do IBGE voltou atrás e decidiu manter o calendário original da Pnad Contínua, nova pesquisa sobre mercado de trabalho em âmbito nacional.
Em reunião nesta segunda-feira (5) com o Conselho Diretor do IBGE, a diretora de Pesquisas em exercício, Zélia Bianchini, informou que a tabulação dos resultados da pesquisa referentes ao primeiro trimestre de 2014 está em fase de finalização, o que permite a divulgação dos dados de emprego no próximo dia 3 de junho.
"Diante disso, o Conselho Diretor, por unanimidade, reviu sua decisão anterior e manteve o calendário inicial de divulgações da pesquisa", diz o IBGE, em nota.
A diretora também afirmou que os estudos para estimar a renda domiciliar per capita estão sendo realizados a fim de cumprir, já em 2015, a lei que alterou a regra de distribuição do Fundo de Participação dos Estados, de 2013.
O pedido de informações de senadores e a contestação deles sobre as margens de erro discrepantes entre os Estados –o que poderia gerar contestações na Justiça– foram o estopim da crise no IBGE. É que, após o pedido, a presidente do IBGE, Wasmália Bivar, e a maioria do conselho decidiu interromper as divulgações. A alegação de Bivar era que não havia pessoal suficiente para rever o indicador de renda e preparar os dados coletados para a divulgação.
O corpo técnico reagiu à decisão. Duas diretoras contrárias à decisão pediram exoneração e 18 coordenadores colocaram seus cargos à disposição. O grupo da área de emprego e rendimento se comprometeu a formular uma cronograma de trabalho para fazer os estudos sobre a renda e uma proposta para manter o calendário de divulgações –que estava suspenso até janeiro de 2015.
Esse cronograma será apresentado nesta terça-feira à direção do IBGE, junto com os estudos sobre o rendimento per capita.
Em entrevista à Folha, Bivar afirmou que 'seria bobagem' dizer que a reação não fez IBGE voltar atrás e retomar a divulgação da pesquisa.
Bivar considera ainda que a discussão se intensificou em torno da paralisação das divulgações e ganhou força -com repercussão na mídia e nos meios sindicais e políticos- pelo fato "de ter sido um ano eleitoral", o que "contou para essa avaliação [negativa]" da decisão.
Ela faz referência a suposta ingerência política no instituto, já que a nova pesquisa, nacional, mostrou um patamar de desemprego mais elevado do que o levantamento antigo, restrito as seis maiores regiões metropolitanas do país.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
DECISÃO ESPERADA
Ana Magni, diretora da Assibge (sindicato dos servidores do órgão), disse que a decisão "já era esperada", pois a equipe técnica da pesquisa já havia assegurado que os dados estariam prontos na data prevista para a divulgação.
"Assim, ficou difícil para a direção do IBGE dizer que não divulgaria com os dados garantidos. A decisão [de retomar a divulgação], portanto, dependia apenas da direção, já que não tinha um problema de excussão na parte técnica", disse.
Para a diretora, "a decisão de voltar atrás foi uma vitória", mas não coloca fim à crise do IBGE.
Magni teme que em novas ocasiões a direção volte a tomar decisão "intempestivas e sem consulta ao corpo técnico", como ocorreu com Pnad Contínua –uma das principais críticas dos técnicos do instituto, que levou 18 coordenadores a colocarem seus cargos à disposição.
Tampouco, diz, afasta o risco de uma greve. "Isso não enfraquece a nossa mobilização. A suspensão foi apenas o estopim, a parte visível da crise."
O sindicato reclama da falta de concurso e pleiteia aumento de salário. Uma possível greve será discutida entre os dias 15 e 17 deste mês, em reunião da Assibge.
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