Custo de acesso à internet deve ultrapassar gasto com conteúdo digital
A disposição dos consumidores de pagar por conteúdo digital corre o risco de diminuir por causa do custo em alta do acesso à internet.
Uma nova projeção questiona as esperanças do setor de mídia sobre serviços de assinatura para música e vídeo em formato stream.
O relatório da consultoria PwC, que deve ser divulgado na quarta-feira (4), estima que o setor crescerá para US$ 2,15 trilhões até 2018.
Mas as fortunas dos três segmentos do mercado irão variar, com as receitas dos serviços de acesso à Internet crescendo mais do que os gastos dos consumidores com conteúdo e as verbas publicitárias.
Isso sugere que provedores de acesso à Internet como a Time Warner Cable e a AT&T devem capturar parcela crescente do faturamento do setor.
Serviços de conteúdo em formato stream, como a Netflix e Spotify também estão bem posicionados para liderar o crescimento nos gastos dos consumidores, à medida que capturam assinantes dispostos a pagar por acesso 24 horas a filmes, programas de televisão e música.
INTERNET EM ALTA
Embora os gastos dos consumidores com material on-line devam continuar a responder pela maior parte do faturamento do setor, o balanço está mudando, já que o custo de acesso à internet pode estar reduzindo a disposição dos usuários de pagar por conteúdo digital.
Em 2018, a consultoria prevê que os gastos dos consumidores com conteúdo responderão por 41% do faturamento do setor, ante 45% atualmente, e que a participação da publicidade cairá de 30% para 29%, enquanto os gastos com acesso à Internet subirão de 25% para 30%, impulsionados pelo uso mais intenso de aparelhos móveis.
"Uma preocupação para os provedores de conteúdo é que o gasto com o acesso à internet possa estar roubando mercado ao conteúdo e serviços", apontou a PwC.
O acesso à internet atrairá mais o consumidor do que qualquer outro produto ou serviço, pelos próximos cinco anos, afirmou a PwC, crescendo a US$ 636 bilhões em 2018.
CONTEÚDO E PUBLICIDADE
O conteúdo digital, que em geral é mais barato que os livros, música, videogames e notícias tradicionais, deve crescer para 17% dos gastos totais dos consumidores, excluído o acesso à Internet, em 2018, ante 10% em 2013.
Isso contrasta com uma migração mais rápida para a publicidade digital.
Um terço da receita publicitária deve vir do segmento digital dentro de cinco anos, ante 14% em 2009 e 25% em 2013, à medida que o setor muda seu foco para os esforços de marketing digital, com o objetivo de atingir audiências mais definidas.
A tendência ilumina o que a PwC define como "imenso desafio" para as empresas que desejam monetizar os apetites digitais de seus consumidores, e sugere que o setor continuará a depender pesadamente de
publicidade e dos gastos de empresas.
"A ironia é que, em última análise, jamais consumimos tanto e pagamos tão pouco", disse Marcel Fenez, líder mundial da PwC para as áreas de entretenimento e mídia.
ENTRETENIMENTO
No geral, a PwC prevê que o setor mundial de entretenimento e mídia crescerá em ritmo anual composto de 5%, de US$ 1,69 trilhão em 2013 a US$ 2,15 trilhões em 2018.
Isso representa uma queda ante o ritmo de crescimento composto de 5,6% previsto pela empresa em 2013 para o mesmo período, e pouco superior aos 4,9% de crescimento registrados no ano passado.
Os gastos digitais totais crescerão em ritmo composto de 12,2% anuais no mesmo período, e responderão por 65% do crescimento de receita.
O sucesso de modelos baseados em assinaturas como o da Netflix e Spotify fica evidente na previsão da PwC de que os serviços de vídeo e música em formato stream serão dois dos segmentos de consumo de crescimento mais rápido nos próximos cinco anos, com ritmo anual de crescimento da ordem de, respectivamente 28,1% e 13,4%, em termos compostos.
Em contraste, os downloads de música digital devem crescer apenas 3,3% ao ano.
NEGÓCIOS FLEXÍVEIS
Mas Fenez disse que para capturar parcela maior dos gastos digitais, as empresas precisam adotar modelos de negócios mais "flexíveis".
"Aquilo por que as pessoas pagam são experiências diferenciadas. Se as pessoas só estiverem interessadas em [conteúdo] básico, elas o encontrarão de graça em algum lugar", afirmou.
"Não se trata apenas da conveniência do conteúdo, mas da conveniência do pagamento".
Algumas pessoas podem preferir pagar uma assinatura mensal, enquanto outras prefeririam pagar individualmente pelos itens adquiridos, de modo que as companhias deveriam oferecer "mais escolha e melhores experiências".
EMERGENTES
Os consumidores dos mercados emergentes devem contribuir com o mais rápido crescimento, nos próximos cinco anos.
China, Brasil, Índia, México, África do Sul, Turquia, Argentina e Indonésia, somados, responderão por 21,7% do faturamento mundial em 2018, ante 12,4% em 2009.
A influência da China será especialmente grande, já que o país eclipsará o Japão como segundo maior mercado de mídia e entretenimento, atrás dos Estados Unidos, com receita de US$ 213 bilhões em 2018.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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Atualizado em 17/05/2024 | Fonte: CMA | ||
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