Corrida eleitoral volta a influenciar investidores e Bolsa sobe pelo 4º dia
A corrida eleitoral no Brasil voltou a influenciar o comportamento do principal índice da Bolsa brasileira nesta quarta-feira (11). O Ibovespa fechou em alta pelo quarto dia seguido, na contramão do mau humor generalizado nos mercados internacionais.
A valorização foi de 0,91%, para 55.102 pontos. É a maior pontuação desde 23 de outubro do ano passado, quando ficou em 55.440 pontos.
As ações de estatais continuaram guiando o avanço do índice, assim como nos últimos dias, com os papéis preferenciais (sem direito a voto) da Petrobras fechando o pregão com ganho de 2,94%. Já o Banco do Brasil teve alta de 2,09%.
Segundo analistas, agrada o mercado a queda nas intenções de voto na presidente Dilma Rousseff (PT), pois o uso das estatais como instrumento político pelo atual governo tem sido bastante criticado pelos investidores.
Ontem, após o fechamento da Bolsa, foi divulgada uma pesquisa eleitoral do Ibope, contratada pela União dos Vereadores do Estado de São Paulo. O resultado mostrou queda de dois pontos percentuais para Dilma, que passou de 40% para 38%. Já os candidatos da oposição Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) ganharam 2 pontos percentuais cada um, para 22% e 13%, respectivamente.
Já a pesquisa Vox Populi divulgada nesta madrugada mostrou crescimento do pré-candidato do PSDB à Presidência, mas liderança com sobra de Dilma. O levantamento, publicado no site da revista Carta Capital, mostrou um salto de Aécio de 16% em abril para 21% das intenções de voto em junho, enquanto Dilma permaneceu com 40%. Já Campos continuou com 8%.
ALTA NO ANO
Desde que começaram a ser divulgados levantamentos apontando perda de espaço da presidente na corrida pelo Planalto, em março, o mercado de ações nacional, que caía e acentuava a queda iniciada no ano anterior (de 15,5%), mudou de tendência. Agora, o Ibovespa já tem alta de 6,98% em 2014.
Para Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos, o efeito das pesquisas sobre a Bolsa tende a aumentar conforme outubro se aproxima.
"A Copa começa nesta semana e podemos ter mais movimentos sociais espalhados pelo país. No ano passado, quando houve uma onda de manifestações, a popularidade da presidente Dilma caiu bastante. Se isso se repetir nesse ano, a disputa eleitoral vai ficar ainda mais acirrada e o impacto sobre a Bolsa será maior", diz.
A alta do Ibovespa hoje, segundo João Pedro Brügger, analista da consultoria Leme Investimentos, não foi exclusivamente efeito das pesquisas eleitorais.
"Há outros fatores que também pesaram sobre o desempenho do índice. O fato de amanhã a Bolsa estar fechada devido ao feriado em São Paulo por causa da abertura da Copa do Mundo é um desses fatores. Os investidores podem ter antecipado ajustes na carteira por isso", afirma.
O salto de 2,07% do Itaú Unibanco e o avanço de 2,32% do Bradesco ajudaram o Ibovespa a se sustentar no azul. O dia foi marcado pelo julgamento no STJ (Superior Tribunal de Justiça) do recurso do Banco do Brasil envolvendo caso sobre o Plano Verão. O julgamento, porém, foi suspenso após pedido de vistas de um dos ministros do tribunal.
Energias do Brasil e PDG Realty tiveram as maiores altas do dia, de 3,34% e 3,12%, respectivamente, enquanto a operadora Oi sofreu a maior queda, de 3,51%. A companhia de telecomunicações caiu em um dia em que o papel da Portugal Telecom, com quem a brasileira está em processo de fusão, perdeu 2,7%.
CÂMBIO
Enquanto na Bolsa o clima foi otimista, o mercado de câmbio passou por um ajuste à sequência de quatro quedas desde a quinta-feira passada. O dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve valorização de 0,11% sobre o real, cotado em R$ 2,229 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, avançou 0,26%, para R$ 2,234.
O Banco Central deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, através do leilão de 4 mil contratos de swap (operação que equivale a uma venda futura de dólares) pelo total de US$ 198,8 milhões.
A autoridade realizou ainda um outro leilão, de 10 mil contratos de swap, para rolar os vencimentos de 1º de julho. O total dessa operação foi de US$ 494,2 milhões. Por enquanto, o BC já rolou cerca de 37% do lote total de contratos de swap que vencem no primeiro dia do mês que vem.
Na noite de sexta-feira, a autoridade monetária informou que estenderá seu programa de atuações no câmbio para além de junho, mas não forneceu detalhes. No mercado também há expectativa de mais entradas de recursos externos. O Banco do Brasil lançou nesta quarta-feira bônus perpétuos no volume total de US$ 2,5 bilhões, segundo a Reuters.
Com Reuters
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