Jogo para celular tem desafio de não perder onda de sucesso
O empresário Thor Fridriksson, 34, conta que ter nascido na Islândia, país com cerca de 300 mil habitantes, o fez querer criar um negócio que pudesse ter consumidores em vários países.
Há quatro anos ele criou a empresa Plain Vanila Games, de jogos para celular, justamente com esse objetivo. E chegou lá em sua segunda tentativa, com um jogo de perguntas e respostas sobre temas variados e de interesse dos jogadores.
Lançado em novembro de 2013, o "QuizUp" foi baixado por mais de 20 milhões de pessoas até agora.
Com os resultados, conseguiu levantar mais de US$ 25 milhões em seguidas rodadas de investimentos, de fundos de capital de risco, que acreditam que o número de jogadores pode se reverter em faturamento no futuro.
Divulgação | ||
O islandês Thor Fridriksson, da empresa Plain Vanila Games, criadora do 'QuizUp' |
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Folha - Por que o jogo se tornou um viral?
Thor Fridriksso - Acredito que foi pelas pessoas gostarem de compartilhar as coisas no Facebook. Muitos jogos pedem que você compartilhe coisas nas redes sociais que você não gostaria de publicar, como no caso de você passar uma fase no jogo "Candy Crush". No nosso caso, o jogador sempre está jogando com coisas que ele gosta muito, vai querer mostrar os troféus que ganhou.
O jogo é gratuito. Como vocês vão ganhar dinheiro?
Vamos tentar ganhar dinheiro com anúncios, mas não os comuns, pois os acho muito chatos. Estamos começando a trabalhar com tópicos patrocinados. Para a Copa do Mundo, fizemos uma parceria com a Coca-Cola, para lançar perguntas com a marca da empresa, sem ser algo irritante.
Como vocês irão criar as perguntas para o Brasil?
Funciona a partir de crowdsoucing [criação coletiva dos jogadores]. Temos hoje milhares de candidatos que querem contribuir em vários países do mundo. Eles podem sugerir tópicos que querem criar, com conteúdo local sobre filmes, novelas, cidades.
Como tiveram a ideia para o "QuizUp"?
Lançamos nosso primeiro jogo há quatro anos e foi um fracasso. Era um jogo para crianças, que era bom, mas não vendeu nada. Foi popular apenas na Islândia, o que não é suficiente. Pensei em desistir. Afinal, tinha contas a pagar e dois filhos. Mas as ideias aparecem quando você está em maus momentos. Há um ano e meio, no Natal, estava sentado em um bar bebendo cerveja e comecei a pensar nos erros que tinha cometido no primeiro jogo e como desenhar um game que não ficaria desconhecido. Tenho o rascunho do "QuizUp que fiz naquela noite até hoje.
E como conseguiu viabilizar essa ideia?
Quando você não tem dinheiro, o melhor lugar para ir é San Francisco, nos Estados Unidos. Peguei um avião com dois programadores achando que, chegando lá, um fundo de investimentos nos daria dinheiro. Não conhecíamos nada nem ninguém lá. Ligava para os investidores para me apresentar, o que não funcionou no começo. Levou 3 meses para conseguir US$ 1 milhão. Isso depois de mais de 300 reuniões -meu trabalho era vender meu projeto. Com o dinheiro em mãos, voltamos para a Islândia para contratar mais pessoas e começar o "QuizUp".
Por que decidiram manter o escritório na Islândia?
Por várias razões. Em primeiro lugar, tudo é muito mais barato, incluindo os programadores. E é mais fácil conseguir bons profissionais lá do que nos EUA, por eu não ter de concorrer com grandes empresas como Google e Facebook e Apple. Acho que é algo que os brasileiros poderiam fazer também: ir até o Vale do Silício buscar o dinheiro e ter um bom resultado em seu país natal.
Isso não é um risco muito grande?
É algo que tem que ser feito. Se todos os investidores dissessem não, voltaria para casa e buscaria um emprego em um banco ou algo tão chato quanto. A maioria das pessoas que fizerem isso, provavelmente vai perder todo o dinheiro mesmo. Mas, se você acredita muito em sua ideia e acha que pode fazer, é isso que tem de ser feito. Se não vai passar a vida com raiva de si mesmo por estar velho, trabalhando em um banco e com uma ideia guardada só para você por medo de perder dinheiro.
Jogos tendem a ser uma moda e depois perdem popularidade depois de um tempo. Como lidam com isso?
Pensamos a respeito. Por isso mesmo queremos ter no "QuizUp" cada vez mais ferramentas sociais, fóruns para encontrar pessoas com interesses em comum e discutir sobre os assuntos que mais gosta. Nossa ideia é ser mais uma rede social do que um jogo.
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