Para driblar inflação, indústria de higiene e cosméticos parcelam alta
Para evitar a redução nas vendas no atual cenário de pressão inflacionária, a indústria de higiene e cosméticos está postergando a elevação dos preços nas prateleiras, "parcelando" o aumento para o consumidor.
Empresas do setor começaram neste ano a elaborar duas tabelas de reajustes com o objetivo de repassar a alta em etapas, segundo João Carlos Basilio, presidente da Abihpec, que reúne fabricantes de itens como xampus e desodorantes. A ideia é evitar que o consumidor sinta um impacto drástico.
"Em vez de colocar um aumento de 6% a 8% de uma só vez junto ao varejo, a alta fica dividida em duas vezes de 3% ou 4%", diz.
Até o ano passado, as tabelas de preços no setor eram apresentadas ao varejo, em geral, só uma vez por ano. "Em tempos de hiperinflação, a aplicação das tabelas era mensal, mas houve épocas em que chegou a ser diária", lembra Basilio.
"Nós, que somos fornecedores dos supermercados, estamos sendo pressionados. Mas também somos agressivos com a cadeia produtiva, quando nossos fornecedores de matéria-prima vêm nos vender mais caro."
Rogério Canella/Folhapress | ||
Loja de cosméticos no shopping Metrô Tatuapé, em São Paulo |
A duplicação das tabelas, por outro lado, pode ser prejudicial ao consumidor, de acordo com Claudio Czapski, superintendente da associação de indústrias e comércios ECR Brasil.
"Em vez de melhorar, pode até piorar, porque a segunda alta ocorre sobre uma base já aumentada", afirma.
Estudo do instituto Nielsen mostra que, apesar da duplicação das listas, as empresas intensificaram as promoções. "Isso reflete a dificuldade dos fabricantes em repassar as novas tabelas. O cenário está muito competitivo", diz Ilo Souza, analista do instituto.
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