Fundos de proteção apostam que Argentina vai se recuperar da crise
Alguns dos maiores fundos de hedge (que oferecem proteção contra oscilações mais fortes do mercado) estão aproveitando para abocanhar ações argentinas, apostando na recuperação do país apesar de ele estar tecnicamente em calote.
Em um sinal de confiança de que o embate entre Buenos Aires e seus credores que não aceitaram renegociar a dívida ainda será resolvido, os fundos de hedge compraram ações de bancos e empresas argentinas.
A agência de avaliação de risco Standard & Poor's rebaixou a nota da Argentina para "calote seletivo" na quarta (30) após o país deixar de pagar US$ 539 milhões em juros da dívida.
Nesta quinta-feira (31), foi a vez de a Fitch reduzir sua avaliação, para "calote restrito".
O ministro da Economia, Axel Kicillof, disse que "fundos abutres" haviam rejeitado uma nova oferta de renegociação e seria impossível oferecer mais dinheiro.
A reação ao calote no país e nos demais emergentes foi discreta nesta quinta (31). O preço dos títulos da dívida argentina cujos juros venceram caiu, mas sem chegar às mínimas de 2013, durante as turbulências nos mercados emergentes.
A longa saga fez a dívida argentina se tornar a mais cara do mundo para segurar contra calote. Só na última semana esse custo subiu mais de 11%.
Paralelamente, os fundos DE Shaw, Third Point e Renaissance Technologies, além da família do megainvestidor George Soros, compraram ações de firmas argentinas listadas nas Bolsas dos EUA, como as petroleiras YPF e Petrobras Argentina, a Telecom Argentina e o Banco Francés.
Analistas afirmam que a complexidade da natureza desse calote deixou alguns investidores esperançosos de que um acordo pudesse ser obtido, e isso levaria os donos de títulos a lucrar.
Dan Loeb, que administra US$ 14 bilhões para o fundo americano Third Point, disse em carta a investidores, que comprou participação na YPF porque "estamos no meio de um ponto de inflexão para o país".
Caso o governo chegasse a um acordo com os credores que o contestaram nos EUA, escreveu Loeb, "a Argentina poderia reconquistar o acesso ao mercado de capitais global e resolver seu problema de liquidez."
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