Melhor correção da política fiscal é crescimento da economia, diz Mantega
A melhor correção para a política fiscal brasileira é o crescimento da economia, já que o problema maior não é o controle das despesas, segundo disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em entrevista à Reuters nesta terça-feira.
Ao ser questionado sobre a possibilidade de ajuste na meta de R$ 99 bilhões de superávit primário para este ano, equivalente a 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB), o ministro deixou a questão em aberto, argumentando que é preciso esperar mais.
"Vamos aguardar o segundo semestre", respondeu o ministro. "Sempre estaremos fazendo esforço máximo para tentar alcançar os objetivos fiscais, esse ano não será diferente", complementou.
O governo tem enfrentado grandes dificuldades para chegar à meta de economia para pagamento de juros da dívida, devido à baixa arrecadação com a economia mais fraca e grandes desonerações fiscais.
No primeiro semestre, a receita total do governo central (Tesouro, Previdência e Banco Central) subiu 7,2% ante o mesmo período do ano passado, enquanto a despesa total cresceu 10,6%.
Com isso, o superavit primário do setor público consolidado em 12 meses até junho caiu para 1,36% do PIB.
Ueslei Marcelino/Reuters | ||
Ministro Guido Mantega diz que o maior problema para a política fiscal não é o controle das despesas e que conta com R$ 8 bilhões do leilão da telefonia 4G |
RECEITAS EXTRAORDINÁRIAS
Diante desse quadro fiscal mais frágil, Mantega disse que conta com receitas extraordinárias neste ano, como as que virão com o programa de refinanciamento de dívidas com o fisco (Refis) e com as concessões. Mas repetiu que é preciso esperar para ver se será necessário buscar novas fontes para fechar as contas.
O ministro afirmou que continua contando neste ano com R$ 8 bilhões que deverão ser arrecadados com o leilão de licenças de 700 MHz para a telefonia celular de quarta geração (4G), e mostrou preocupação com a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de suspender a publicação do edital do leilão.
"Não vejo razão para este adiamento, o edital estava em audiência pública e discutido abertamente. Espero que o adiamento seja por pouco tempo porque senão teremos problemas, estávamos contando com aproximadamente R$ 8 bilhões."
CRESCIMENTO LENTO
Sem dar números, Mantega disse que o PIB teve crescimento lento no primeiro semestre, mas que o uso do termo estagnação é inadequado para explicar o estágio atual da economia brasileira.
Ele estimou que na segunda metade do ano a atividade "crescerá um pouco mais" do que no primeiro semestre. A economia teve avanço de 0,2% no primeiro trimestre deste ano e as expectativas são de recuo do PIB nos três meses seguintes, em meio à enxurrada de indicadores econômicos fracos.
Agentes econômicos acreditam que o PIB crescerá menos de 1% neste ano, bem abaixo dos 2,3% registrados em 2013.
A crença de Mantega na melhora do ritmo de expansão no segundo semestre é calcada na expectativa de maior oferta de crédito e queda na inadimplência, recuperação da capacidade de compra por parte dos consumidores pela inflação menor e aumento da produção da Petrobras e da Vale.
Ainda assim, na visão do ministro, a economia precisará de uma política monetária menos restritiva para acelerar seu ritmo de crescimento. "Há um arsenal (de instrumentos de política monetária) que foi usado para restringir a demanda e isso funcionou. A demanda caiu", disse.
"Certamente em 2015, com a inflação estando sob controle, haverá uma reversão. Você não vai ficar a vida toda com uma política super (super-restritiva). Com isso a economia terá mais oxigênio e tende a crescer mais", avaliou.
INFLAÇÃO
Para controlar a escalada dos preços, o Banco Central elevou a Selic ao atual patamar de 11% ao ano , e tem indicado repetidamente que os juros básicos permanecerão nesse nível por um tempo para assegurar a convergência da inflação para o centro da meta. Esse discurso foi reforçado pelo presidente do BC, Alexandre Tombini, nesta terça-feira em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
Joel Rodrigues/Folhapress | ||
Em audiência no Senado, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que o Brasil não vive crise de estagflação. |
A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 12 meses está acima do teto da meta oficial, de 4,5%, com margem de tolerância de 2 pontos percentuais para baixo ou para cima.
Mantega mostrou ainda confiança de que a inflação irá perder força neste semestre e, ao ser questionado se isso abria espaço para reajuste da gasolina, lembrou que todos os anos há correção dos preços dos combustíveis.
O ministro disse que os preços monitorados não estão represados e defendeu que o governo fará reajustes normais nos preços administrados, "sem tarifaço", incluindo as tarifas de energia elétrica.
Questionado se aceitaria convite para permanecer à frente da equipe econômica em um eventual segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, Mantega encerrou a entrevista sorrindo dizendo que "ninguém constitui um governo antes de ganhar a eleição".
GASOLINA
O ministro da Fazenda também indicou que os preços da gasolina devem sofrer reajustes em 2014. Segundo Mantega, em todos os anos houve essa correção e o comportamento do governo é seguir com os reajustes normais.
Apesar disso, Mantega disse que não haverá "tarifaço" após as eleições de outubro.
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Atualizado em 17/05/2024 | Fonte: CMA | ||
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