IBGE e trabalhadores firmam acordos que abrem espaço para o fim da greve
Após um mês e meio de paralisação, a greve do IBGE está perto do seu fim, mas ainda resta um impasse entre a categoria e a direção do órgão: a recontratação de 200 trabalhadores temporários dispensados durante o movimento.
Numa reunião nesta quarta-feira, foram fechados, porém, dois acordos e a expectativa da diretoria do IBGE é que, com isso, os trabalhadores retornem ao trabalho ainda nesta semana. "A nossa expectativa é essa [de fim da greve]", disse Wasmália Bivar, presidente do IBGE.
Um dos acordo prevê a criação de um grupo de trabalho paritário, com integrantes da direção do IBGE e do sindicato, para criar uma proposta até o fim do ano para reformulação da carreira dos funcionários do instituto, com o objetivo de atingir a equiparação salarial com outros órgãos, como o Ipea. Essa era um das principais reivindicações da categoria quando do início da greve.
Foi acertado ainda a criação de outro grupo, nos mesmos moldes, para estudar as tarefas realizadas pelos trabalhadores temporários e definir uma proposta a fim de melhorar a "proporcionalidade" entre trabalhadores efetivos e contratados por períodos, segundo Bivar. Hoje, o IBGE conta com cerca de 6.000 servidores e 4.500 temporários.
A reunião contou com a presença do secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça.
O secretário crê no fim da greve e disse que as assembleias de trabalhadores necessárias para o retorno dos grevistas podem ser realizadas em 48 horas. Mendonça disse, porém, que só após a retomada ao trabalho é que será discutida uma proposta de reposição de dias parados e pagamento dos dias descontados durante a greve.
Suzana Drumond, diretora da Assibge (sindicato da categoria), afirmou que a reunião terminou "em impasse" por causa da questão dos temporários. "Não aceitamos sair da greve sem a readmissão desses trabalhadores", disse.
Segundo ela, o IBGE quis manter o caso na Justiça –que deve analisar na próxima semana– em vez de fazer um acordo. O sindicato alegou que as dispensas ferem o direito constitucional de greve e a questão está sob análise do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
A sindicalista reconheceu, porém, que a proposta para voltar ao trabalho será votada amanhã em reunião plenária do sindicato. Se for aprovado o fim da greve, esse indicativo será levado a assembleia nas diversas unidades do IBGE nos Estados.
Um dos motivos que deve levar o fim do movimento foi seu enfraquecimento. Segundo a direção do IBGE, apenas 8% dos empregados seguem em greve. Ao fim de junho, o percentual era de 25% –o máximo atingido na paralisação atual. O sindicato nunca fez um balanço de adesão ao movimento.
PESQUISAS
Bivar disse que a pesquisa mais afetada pela greve foi a Pnad Contínua, pesquisa em âmbito nacional sobre mercado de trabalho. Houve problema na coleta de dados em domicílios de ao menos seis Estados, como Paraíba e Rio Grande do Norte.
Sobre a Pesquisa Mensal de Emprego –divulgada em maio e junho de modo parcial por causa da greve–, a presidente do IBGE disse que todos os dados que faltavam foram coletados.
Agora, afirma, estão passando por um processo de análise e conferência para verificar suas qualidade e consistência. O processo envolve informações de Salvador e Porto Alegre, onde a coleta foi afetada durante a greve.
Na próxima semana, será divulgado um balanço do prejuízo da greve e dos eventuais atrasos no calendário de pesquisas.
SALÁRIOS
Desde o início, a categoria reivindicava principalmente equiparação salarial aos servidores de outros órgãos, com o Ipea. Mas o Ministério do Planejamento, ao qual o IBGE é vinculado, diz que não há possibilidade de mudanças salariais neste ano, citando que ainda está sob vigência um acordo ate 2015 com a categoria. Mendonça reiterou nesta quarta-feira essa posição.
Na greve de 2012, que durou dois meses, ficou acertado um reajuste de 15%, escalonado em três anos.
No nível médio, o salário-base do instituto é R$ 3.160. O sindicato afirma que, no Ipea, a remuneração no mesmo nível é 69% maior, considerando salário-base inicial, sem gratificações por qualificação ou tempo de serviço.
Já nos cargos de nível superior, o salário-base é R$ 4.145,23, e o sindicato calcula que, no Ipea, a remuneração seja 69% superior. Nessa categoria, o salário pode chegar a R$ 8.949,03 (doutorado), sem contar adicionais por tempo de serviço e cargos comissionados.
De novembro de 2012, quando o Congresso aprovou o acordo com 24 categorias (inclusive o IBGE) para o reajuste de 15,8% parcelado em três anos, até maio deste ano o reajuste foi de 10,1%, segundo o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).
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