Eletrobras deve R$ 200 milhões a empresas privadas
As dívidas da Eletrobras, causadas pelo represamento de repasses do Tesouro Nacional e que estavam restritas a estatais como Petrobras, Caixa e Banco do Brasil, começam a se espalhar para empresas privadas.
Companhias operadoras de usinas termelétricas do Sul do país, segundo a Folha apurou, estão cobrando da Eletrobras cerca de R$ 200 milhões pela compra de carvão mineral. A Tractebel detém 98% desse crédito.
A Eletrobras deve os reembolsos a essas usinas pela compra do combustível entre os meses de maio e junho. A conta referente a julho ainda não foi faturada.
Segundo a estatal, a dívida é de somente R$ 92 milhões, referente às compras de maio. A empresa entende que o prazo de pagamento é de até 45 dias.
"O mês de competência junho está em fase de processamento dentro do prazo normal", diz a Eletrobras.
O último pagamento feito pela estatal foi em julho, referente ao reembolso de abril, após mais de 60 dias de atraso.
Até o ano passado, o pagamento desse reembolso era feito de forma praticamente automática.
Procurada, a Tractebel preferiu não se pronunciar.
PONTUALIDADE
A dificuldade em manter a pontualidade dos pagamentos é fruto do atraso em repasses da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), de responsabilidade do Tesouro Nacional, que subsidia a compra de combustíveis para as usinas do Sul.
Somada à decisão do Tesouro de segurar os recursos, há a determinação do Operador Nacional do Sistema (ONS) em manter as usinas termelétricas da região em plena operação, apesar do nível dos reservatórios da região estarem em 88,4%.
A situação enfrentada pela Eletrobras com usinas a carvão do sul é semelhante à recém-resolvida com usinas a óleo combustível do Norte do país.
A estatal devia R$ 850 milhões à Petrobras pela aquisição de óleo combustível. A petroleira chegou a cortar o fornecimento entre os dias 1º e 4 deste mês por causa da inadimplência.
Na última terça (5), as duas resolveram parcialmente a questão ao acordarem em utilizar R$ 452 milhões do empréstimo tomado pela Eletrobras, de R$ 6,5 bilhões, para pagar o combustível.
No Sul, ainda não existe tal consenso. Fontes ligadas ao setor afirmam que as carvoarias temem que as usinas fiquem sem fôlego para garantir a compra do carvão, gerando inadimplência.
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