Analistas esperam aumento nas tarifas de até 7% no próximo ano
O principal ajuste esperado para o primeiro ano do próximo governo é um aumento de 7% nas tarifas e preços controlados pelo poder público. A estimativa é dos analistas consultados na pesquisa Focus do BC.
Nessa conta estão contemplados, principalmente, uma alta mais forte da gasolina, da conta de energia elétrica e das tarifas de ônibus.
A previsão não está tão distante do esperado por algumas áreas do governo Dilma. O BC, por exemplo, projeta 6% em 2015 para o conjunto dos "preços administrados por contrato e monitorados", como são chamados os itens.
Os "administrados" têm um peso de cerca de 25% no IPCA, o índice oficial do governo de preços ao consumidor. Nos últimos anos, para evitar que a inflação rompesse o limite da meta, que é de 6,5%, o governo postergou muitos desses reajustes.
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No ano passado, por exemplo, esses itens subiram apenas 1,5%. Além da ação do governo federal, que cortou a tarifa de energia, contribuíram para isso as manifestações de rua que levaram os poderes estaduais e municipais a suspenderem reajustes de transportes públicos.
Dentro e fora do governo, a avaliação é que esses adiamentos são insustentáveis por mais tempo. Há o impacto negativo sobre as contas públicas, como aconteceu com a energia. Além disso, gera prejuízos para a Petrobras e para o setor de etanol.
O próprio BC afirma que já está em processo um "realinhamento" desses preços em relação aos demais, definidos livremente. E que isso explica porque a inflação continuará alta até ao menos 2016.
No domingo (10), a presidente Dilma Rousseff afirmou que é "possível" que haja um reajuste da gasolina "no futuro", mas não se comprometeu com uma data. Na semana passada, o ministro Guido Mantega (Fazenda) disse que em todos os anos houve correção no preço do combustível, mas negou que haverá "tarifaço" após as eleições.
Os principais candidatos da oposição também descartam um forte aumento de tarifas e combustíveis em 2015.
Do ponto de vista econômico, não há um percentual que possa ser caracterizado como "tarifaço", embora o reajuste de 7% estimado para o conjunto dos preços administrados seja o maior em quase uma década.
Analistas avaliam que esse patamar não levará a um estouro do limite da meta de inflação em 2015. E fará com que o índice de preços deixe de ser pressionado por esse fator nos anos seguintes.
"Esse represamento de reajustes é insustentável", afirma Walter Maciel, sócio-diretor da Quest Investimentos.
Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, afirma que essa correção das tarifas é importante também para sinalizar mudanças na política econômica.
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