Telefónica espera sinergias de 4,7 bilhões de euros com a compra da GVT
A espanhola Telefónica acredita que a operação e integração da operadora de banda larga GVT com negócios no Brasil será rentável desde o primeiro dia.
O acordo proporcionará sinergias de € 4,7 bilhões e melhorará em 50 pontos base o crescimento do resultado operacional da controladora até 2016.
A francesa Vivendi informou na quinta-feira (28) que vai entrar em negociações exclusivas com a Telefónica para a venda de sua unidade brasileira de banda larga GVT, escolhendo a oferta da espanhola em detrimento da proposta da rival Telecom Italia.
Do total esperado de sinergias, € 3,2 bilhões virão de menores gastos e investimentos e o restante de melhoras fiscais e economias financeiras.
A transação, prevista para ser concluída em meados de 2015, colocará a subsidiária brasileira da empresa espanhola como o principal operador integrado com a maior quota de mercado em termos de receitas e número de acessos no mercado brasileiro.
Também na quinta a Telefónica informou que elevou oferta inicial de € 6,7 bilhões pela GVT para € 7,45 bilhões, aumentando para € 4,66 bilhões a parte do acordo a ser paga em dinheiro.
Além disso, a Telefónica também oferece à Vivendi uma participação de 12% na companhia após a compra da GVT.
A Vivendi pode substituir 4,5% das ações da nova empresa por ações ordinárias da Telecom Italia equivalentes a 8,3% dos direitos de voto na italiana. Além disso, pode optar por trocar cerca de um terço desses papéis por uma participação de 5,7% na Telecom Italia -dona da TIM, e da qual a Telefónica é a maior acionista- se assim desejar.
DISPUTA
Com a decisão de negociar exclusivamente com a Telefónica, a Vivendi rejeita a proposta da Telecom Italia, que havia oferecido € 7 bilhões (R$ 21 bilhões) distribuídos em dinheiro e ações para comprar a GVT.
O lance da italiana previa que a Vivendi ficasse com 15% da TIM após a fusão com a GVT (a Telecom Italia manteria uma fatia de cerca de 60%), além de 20% das ações ordinárias, que dão direito a voto, da Telecom Italia.
A proposta envolvia o pagamento de 24% do valor em dinheiro e o restante (76%) em ações.
Se aceitasse, a Vivendi se tornaria acionista da Telecom Italia. E, neste caso, o grupo italiano permitiria que a francesa indicasse dois integrantes para expandir os conselhos de administração da TIM e da Telecom Italia.
A GVT, criada há 14 anos oferecendo telefonia fixa e internet ultrarrápida, foi disputada em 2009 entre a Telefónica e a Vivendi. Os franceses adquiriram o controle da empresa por R$ 7,7 bilhões.
Naquele momento, a GVT cobria 84 cidades e detinha 2% das receitas líquidas do setor. Hoje, ela atua em 153 cidades com pacotes de telefonia fixa, internet acima de 15 Mbps e TV e conta com 1,5 milhão de clientes.
REGULAÇÃO
Caso o grupo francês decida vender a GVT à Telefónica, a operação ainda terá de ser aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
Se a Vivendi aceitar a proposta da Telefónica, se tornará sócia da Vivo (controlada pela espanhola) e poderá aceitar um pedaço da Telecom Italia (dona da TIM) que pertence aos espanhóis como parte do pagamento. Como receberá parte em dinheiro, poderá adquirir o restante da participação da Telefónica na Telecom Italia.
Isso resolveria o problema da Telefónica com o Cade, mas deixaria a Vivendi com fatia em Vivo e TIM -e acenderia a luz amarela no órgão de defesa da concorrência.
Por outro lado, o acordo pode representar um passo importante para a saída da Telefónica da Telecom Italia, uma das imposições feitas pelo Cade em 2013. O objetivo seria evitar conflitos de interesse e garantir a concorrência, já que os espanhóis controlam a líder Vivo e possuem, indiretamente, uma participação de 10% na TIM.
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