Bolsa tem quinta baixa consecutiva com expectativa eleitoral e Moody's
O principal índice da Bolsa brasileira fechou esta terça-feira (9) em queda pelo quinto dia consecutivo, com o noticiário negativo do pregão norteando a decisão dos investidores de vender ações e embolsar os fortes lucros registrados nos últimos meses.
A baixa do Ibovespa foi de 0,87%, para 58.676 pontos. O volume financeiro foi de R$ 8,942 bilhões –um pouco acima da média diária do mês de setembro, de R$ 8,283 bilhões.
Analistas ouvidos pela Folha disseram que dois fatores colaboraram para o mau humor dos investidores nesta terça. Um deles foi a divulgação do levantamento CNT/MDA, no qual a presidente Dilma Rousseff (PT) diminuiu a diferença para a ex-ministra Marina Silva (PSB) em um eventual segundo turno da eleição presidencial de outubro. As duas candidatas estão em empate técnico, com 42,7% e 45,5%, respectivamente.
Em menor grau, também pesou a notícia de que a agência de classificação de risco Moody's rebaixou de estável para negativa a perspectiva da nota de crédito do Brasil. O rating soberano do país, no entanto, foi reiterado em "Baa2", o segundo rating acima do grau especulativo, de menor segurança para os investidores.
TENDÊNCIA
Para Wagner Caetano, diretor da consultoria Cartezyan, ambas as notícias podem ameaçar a tendência de alta que o Ibovespa vem apresentando desde março, quando os primeiros levantamentos de peso sobre a eleição presidencial de outubro foram divulgados.
"Entre os investidores, o que poderia trazer o índice para baixo novamente seria a reação do PT em pesquisas eleitorais, pois há insatisfação com o atual governo, ou o Brasil ser rebaixado por agências de risco", afirma. "O desafio é entender se há uma correção de curto prazo ou uma reversão da tendência de alta do Ibovespa. Se a queda continuar nos próximos dias, podemos dizer que a tendência mudou. Temos que observar", acrescenta.
O corte na perspectiva do rating brasileiro, segundo Pedro Galdi, analista-chefe da SLW Corretora, foi recebido pelo mercado de forma mais amena por causa do atual cenário de deterioração econômica. "Foi um puxão de orelha tanto no atual governo quanto no próximo. A agência basicamente sinalizou que se a futura gestão do país não tomar medidas para reverter o quadro de deterioração econômica, o rating nacional será cortado", diz.
Para os analistas, o cenário eleitoral continua na pauta dos investidores e devem ganhar ainda mais destaque nesta semana os levantamentos Datafolha e Ibope previstos para os próximos dias, segundo o site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), os quais deverão mostrar a percepção dos eleitores sobre os recentes escândalos de corrupção envolvendo a Petrobras e a decisão da Moody's.
AÇÕES
As ações das estatais continuam sendo as que mais sofrem instabilidade, na esteira da corrida eleitoral. Os papéis preferenciais da Petrobras (sem direito a voto) chegaram a subir mais de 1% ao longo do dia, mas inverteram a tendência e fecharam em baixa de 1,01%, a R$ 21,48 cada um. O Banco do Brasil teve perda de 0,43%, para R$ 32,35. Já a ação ordinária (com direito a voto) da Eletrobras mostrou desvalorização de 2,80%, a R$ 7,29.
Das 69 ações que compõem o Ibovespa, apenas 16 fecharam no azul, lideradas pela TIM Participações, com ganho de 2,11%, a R$ 13,56. Os papéis subiram na esteira de novas especulações em torno da venda da companhia.
Já a ação preferencial da Vale teve valorização de 1,33%, a R$ 25,13, ajudando a amenizar a queda do Ibovespa. Esses papéis caíram bastante nos últimos pregões, refletindo a baixa nos preços do minério de ferro na China, e passaram hoje por ajuste, segundo analistas.
No setor financeiro, o Santander Brasil teve ganho de 0,70%, a R$ 15,80. A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) autorizou nesta terça a matriz do banco espanhol a adquirir os papéis que ainda não controla do Santander Brasil, que correspondem a 25% do total.
CÂMBIO
No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve valorização de 0,95% sobre o real, cotado em R$ 2,281 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, subiu 0,92%, a R$ 2,286. Segundo operadores, o movimento reflete a maior procura pelos investidores por ativos considerados de menor risco, como a moeda americana, diante do clima negativo na Bolsa.
Além disso, também pesou sobre o câmbio especulações de que o Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) poderá subir os juros naquele país antes do esperado.
O Banco Central deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, através do leilão de 4.000 swaps cambiais (operação que equivale a uma venda futura de dólares), sendo 1.000 com vencimento em 1º de junho de 2015 e 3.000 com vencimento em 1º de setembro de 2015, pelo total de US$ 197,6 milhões.
A autoridade também promoveu um novo leilão para rolar 6 mil contratos de swap com vencimento em 1º de outubro, por US$ 295,9 milhões. Até o momento, o BC já rolou cerca de 9% dos contratos com prazo para o primeiro dia do mês que vem.
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