Bolsa opera em baixa, pressionada por China e pesquisas eleitorais
A desaceleração econômica da China e as especulações ao redor das próximas pesquisas eleitorais ditam o tom das negociações na Bolsa de Valores de São Paulo, que opera no vermelho nesta segunda-feira (22).
Praticamente todas as ações do Ibovespa recuavam às 12h31, puxando o principal índice da Bolsa para baixo. A queda era de 2,48%, aos 56.357 pontos.
"Os mercados hoje abriram pesados. É um movimento generalizado, não é privilégio nosso", afirma Pedro Galdi, analista-chefe da SLW Corretora. As principais bolsas asiáticas fecharam o pregão em baixa, enquanto Estados Unidos e países da Europa também estão com seus mercados acionários no vermelho.
Para Galdi, os mercados internacionais e o Brasil estão sendo afetados pela declaração do ministro das Finanças chinês, Lou Jiwei, de que a política econômica do país não será modificada devido ao mau resultado em apenas um indicador.
"Ele [Jiwei] descartou novos pacotes de estímulos, apesar dos últimos indicadores não terem vindo muito bons. Então todo o mundo está caindo hoje", afirma o analista.
A declaração foi uma má notícia para a Vale, que tem a China como o seu principal mercado exportador. Além disso, os papéis da mineradora foram afetados por nova redução nos preços do minério de ferro no país asiático. Pela primeira vez em cinco anos, o produto foi cotado abaixo dos US$ 80, a US$ 79,80.
Como resultado, as ações ordinárias da Vale, que dão direito a voto, caíam 3,21%, a R$ 27,41. Já os papéis preferenciais, de maior liquidez, tinham queda de 3,73% a R$ 23,97, às 12h21.
No cenário interno, as especulações a respeito de uma possível alta nas intenções de voto da candidata Dilma Rousseff (PT) na pesquisa Vox Populi, que será divulgada nesta segunda, derrubavam as ações ordinárias da Petrobras (- 4,08%), Banco do Brasil (- 5,26%) e Eletrobras (-5,41%) às 12h24.
A pesquisa também pode mostrar um acirramento da disputa entre Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) pela chance de enfrentar a candidata do governo no segundo turno das eleições.
"O Brasil está em situação complicada. Estamos a poucos dias do primeiro turno e temos muitas pesquisas saindo", diz Galdi, para quem o mercado financeiro esta semana seguirá fortemente influenciado pela disputa eleitoral.
Somente três papéis seguiam negociados em alta: TIM (2,39%), Fibria (1,02%) e Santander (0,56%). A EDP Energias do Brasil e a Natura também subiam, mas praticamente estáveis.
CÂMBIO
O receio dos investidores ao redor do globo com uma possível desaceleração da economia chinesa também causou um movimento de queda do real ante o dólar, em linha com a tendência das moedas de outros países emergentes.
Às 12h26, o dólar a vista, referência para operações do mercado financeiro, subia 0,37%, a R$ 2,385. Já o dólar comercial, utilizado em negociações de comércio exterior, avançava 0,54%, cotado a R$ 2,386.
O dólar se aproxima do patamar de R$ 2,40 apesar dos dados ruins sobre a venda de moradias usadas nos Estados Unidos em agosto, divulgados nesta segunda-feira. A queda foi de 1,8%, para 5,05 milhões de unidades. Economistas consultados pela Reuters esperavam um aumento para 5,20 milhões de casas.
Para Galdi, a moeda americana deve apresentar grande volatilidade nessa semana. "Teremos muita gente dos Feds regionais [unidades do Federal Reserve, banco central norte-americano] discursando e sabemos que há uma divisão entre eles sobre o aumento dos juros", diz o economista.
Nesta segunda, o Banco Central deu continuidade ao seu programa diário de intervenção no mercado de câmbio. A autoridade monetária negociou 4 mil contratos de swap, que equivalem a uma venda futura de dólares, no valor de US$ 198,3 milhões.
O BC também rolou o vencimento de 6 mil contratos de swap para agosto e outubro de 2015. Essas operações somam US$ 296,3 milhões.
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