Dólar cede a intervenções do Banco Central e cai 1% nesta quarta
O dólar teve forte queda no pregão desta quarta-feira (24), impactado pelo reforço nas intervenções do Banco Central no mercado de câmbio e pelo discurso do chefe do Departamento Econômico da entidade financeira, Tulio Maciel.
O dólar comercial, utilizado em negociações do comércio exterior, caiu 1,03% e fechou o pregão na mínima do dia, cotado a R$ 2,384. Já o dólar a vista, referência no mercado financeiro, recuou 0,23% a R$ 2,401.
A moeda americana teve dia de grande volatilidade. No início das negociações, o dólar chegou a cair, mas em poucos minutos inverteu o movimento e alcançou o patamar de R$ 2,41, quando foram realizados os leilões de contratos de swap cambial do BC, que equivalem a vendas futuras de dólares.
A medida, no entanto, serviu apenas para estabilizar a valorização do dólar ante o real. A moeda americana só começou a ceder com força após a declaração de Tulio Maciel, representante do BC, sobre as intervenções da autoridade monetária no câmbio.
Maciel reafirmou o compromisso do Banco Central de intervir em relação ao dólar para reduzir a volatilidade nas cotações. "O BC atua no mercado de câmbio sempre que julga necessário", afirmou.
"O mercado ainda está assimilando [a declaração]. O BC provavelmente entrará no mercado amanhã com um lote superior ao de hoje, então a tendência será a de um novo recuo", afirma Mauriciano Cavalcante, diretor de operações de câmbio da Câmbio Rápido.
Com a intensificação na oferta e rolagem de contratos de swap, o Banco Central promove uma queda de braço com o mercado financeiro para conter o dólar, apesar da moeda americana estar se valorizando globalmente. Ante o real, o dólar tem subido devido a sinais de melhora na economia norte-americana e a desaceleração da China. Ambos os fatores pressionam a moeda brasileira e dificultam a estabilização da taxa de câmbio por parte do BC.
Além disso, a incerteza a respeito das eleições presidenciais faz com que parte dos investidores prefira ativos de menor risco, notadamente os títulos da dívida dos Estados Unidos. Esse movimento favorece a moeda americana.
"O mercado empresarial está com um ceticismo muito grande. Por isso, quanto mais ela [Dilma] melhora [nas pesquisas eleitorais], mais o dólar sobe", diz Cavalcante.
ENTENDA A AÇÃO DO BC
O Banco Central anunciou nesta terça (23) que irá ampliar o número de contratos de swap que terão seu vencimento postergado, ou "serão rolados", no jargão do mercado financeiro. Até o último pregão, o número era de 6.000. Com o reforço, serão 15 mil contratos por dia até o fim de setembro.
Nesta quarta, por exemplo, o BC rolou contratos equivalentes a US$ 740,4 milhões (ante os US$ 296,2 milhões do dia anterior) e ofertou novos acordos de swap cambial no montante de US$ 197,6 milhões. Esta segunda ação já era realizada diariamente pela autoridade monetária e não sofreu alterações.
O objetivo do BC é tentar influenciar a oferta e demanda de dólares no mercado interno, de modo a controlar a valorização da moeda americana ante o real. Como o banco é um participante de grandes proporções em comparação às demais entidades financeiras, suas ações sempre têm peso relevante no mercado.
BOLSA
A Bolsa de Valores subiu 0,50% nesta quarta-feira e encerrou uma série de cinco pregões em queda. Com o avanço, o Ibovespa, seu principal índice, passou a acumular 58.824 pontos.
A alta foi impulsionada pelos ganhos nos papéis da Petrobras e da Vale. A petroleira, que tem sido influenciada fortemente pelo cenário eleitoral, abriu o dia em queda repercutindo a divulgação das três pesquisas eleitorais da véspera, mas se recuperou e puxou o índice para cima.
Para Fernando Góes, Clear Corretora, a valorização nas ações da Petrobras ocorreu porque os investidores já haviam precificado a melhora da candidata Dilma Rousseff (PT) nas pesquisas eleitorais nos últimos pregões e, nesta quarta, passaram por um dia de correção.
"Hoje foi um exemplo clássico para as pessoas repararem em algo que é muito comum no mercado. Nós nos antecipamos às notícias e já havíamos antecipado essa piora [da Dilma]", diz Góes.
Ou seja: como os papéis da petroleira já haviam caído muito, os investidores realizaram uma "correção técnica" e fizeram a Petrobras subir. As ações ordinárias da empresa, que dão direito a voto, tiveram variação positiva de 0,15%, negociadas a R$ 19,09. Já as preferenciais, que têm maior liquidez, subiram 0,49%, a R$ 20,23.
A Vale, por sua vez, segue influenciada por uma possível melhora nos dados da economia Chinesa e "um pequeno repique nos preços do minério de ferro", segundo Goés. O produto acumula forte queda ao longo de 2014 e nesta semana foi cotado abaixo dos US$ 80 a tonelada pela primeira vez nos últimos cinco anos.
As ações ordinárias da Vale avançaram 0,32%, a R$ 27,64, enquanto as preferenciais subiram mais: 1,49%, negociadas a R$ 24,40 cada.
CENÁRIO EXTERNO
O dia foi de valorização nos mercados financeiros internacionais.
As Bolsas nos Estados Unidos foram afetadas positivamente pelos dados de vendas de moradias novas, que saltaram 18% em agosto, para uma taxa anual de 504 mil unidades. Trata-se do maior nível desde maio de 2008, antes da crise global.
Com a notícia positiva, os investidores tiveram um dia de otimismo. O índice Dow Jones avançou 0,90% para 17.2010 pontos, enquanto o S&P 500 subiu 0,78%, a 1.998 pontos. Já o índice de tecnologia Nasdaq teve alta de 1,03%, a 4.555 pontos.
Na Europa, a declaração do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, acalmou os investidores, que têm acompanhado a divulgação de dados decepcionantes na França e na Alemanha, os dois principais países do bloco.
Draghi reafirmou que o BCE manterá uma política monetária expansionista até que a inflação na zona do euro volte ao patamar de 2% ao ano. A declaração a respeito dos incentivos foi bem recebida e os mercados subiram.
O índice DAX, de Frankfurt, teve variação positiva de 0,70%, a 9.661 pontos. O CAC 40, da França, subiu 1,25%. O FTSE 100, o principal da Bolsa de Londres, teve variação positiva de 0,45% aos 6.706 pontos.
Na Ásia, o Japão foi afetado pela escalada nos conflitos geopolíticos. Com os ataques aéreos liderados pelos Estados Unidos na Síria, em combate ao Estado Islâmico (EI), os investidores permaneceram cautelosos e a Bolsa de Tóquio cedeu 0,24%, encerrando o dia aos 16.167 pontos.
Já a Bolsa de Xangai subiu 1,47%, para os 2.343 pontos, influenciada por questões domésticas. O índice Hang Seng, de Hong Kong, também subiu: 0,35%, para os 23.921 pontos.
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Atualizado em 21/05/2024 | Fonte: CMA | ||
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