Empresários ignoram bancos e investidores e crescem sozinhos
A dentista Patricia Mazzarioli, 35, tem uma rede de quatro consultórios –nenhum deles aberto com financiamento bancário. Tudo foi bancado com a receita da própria empresa ou com trabalhos externos da fundadora.
Mazzarioli usa a estratégia desde que abriu a primeira unidade, há dez anos. "Eu não queria ter dívidas. E se eu pegasse um empréstimo e não tivesse como pagar? Preferi ir comprando tudo devagar, ir montando uma estrutura aos poucos", afirma.
A opção de começar o negócio apenas com recursos próprios, em vez de buscar empréstimos ou investimentos de terceiros é a melhor, afirma Cynthia Serva, coordenadora do centro de empreendedorismo do Insper.
Gustavo Epifanio/Folhapress | ||
Dentista Patricia Mazzarioli em um de seus 4 consultórios |
A vantagem é que, dessa forma, não se tem um custo adicional dos juros cobrados pelos empréstimos nem é preciso oferecer uma participação grande da empresa para o investidor logo no nascimento da companhia.
Conhecida pelo apelido em inglês "bootstrapping", a prática de se começar o negócio apenas com dinheiro próprio é recomendada principalmente por especialistas em start-ups (empresas iniciantes de base tecnológica).
Isso porque, quando se inicia uma companhia com um modelo de negócios que ainda não foi testado, corre-se o risco de se gastar muito desenvolvendo produtos e serviços pelos quais ninguém vai querer pagar no futuro.
Além disso, empreender com poucos recursos tende a ser um aprendizado útil ao empresário e que será valorizado quando se for buscar recursos no futuro, diz Yuri Gitahy, sócio da Aceleradora.
"Você vai saber gastar só o dinheiro que tem, sem desperdício. Aprenderá a criar produtos com o menor custo possível e a vender o quanto antes", afirma.
SEM MORDOMIAS
André Tannús, 34, e Rodrigo Hanashiro, 31, mantêm desde 2011 uma empresa com escritório em casa, cozinhando a própria comida no almoço e sem funcionários.
Davi Ribeiro/Folhapress | ||
André Tannús (à esq.), no escritório que mantém em casa, e o sócio Rodrigo Hanashiro |
Isso mesmo depois de terem sido considerados pelo Google como os responsáveis por um dos serviços mais inovadores criados a partir de um sistema da companhia.
A empresa criada por eles, a Epungo, desenvolveu uma ferramenta que permite fazer buscas por imóveis em mapas, fazendo desenhos na tela e filtrando os resultados de acordo com o interesse do usuário.
A companhia vende licenças para que imobiliárias e construtoras possam disponibilizar o sistema.
Os sócios não querem investidores por temerem que eles queiram mudar o modelo de negócios. Como o faturamento da empresa ainda é pequeno, o crescimento do negócio é mais lento do que poderia ser se tivessem recursos para investir em propaganda e contratação de funcionários. "A gente sofre com a dificuldade de crescer e isso me incomoda, mas é o preço que a gente paga", afirma Tannús.
FÔLEGO
O potencial de um negócio de se manter por mais tempo apenas com recursos próprios está diretamente relacionado ao seu modelo e ao investimento necessário para que ele se torne lucrativo.
Empresas que realizam negócios com outras companhias maiores, por exemplo, tendem a se tornar lucrativas mais rapidamente, pois conseguem bons resultados com poucos clientes, diz Yuri Gitahy, da Aceleradora.
Por outro lado, as empresas que precisam de muitos clientes para garantir sua lucratividade podem precisar de mais investimento em marketing e infraestrutura.
Essa foi a dificuldade encontrada por Gabriel Gaspar, 35, sócio da Nibo, empresa que produz um software on-line para gestão de empresas. Cobrando R$ 49,50 por mês, ele precisa de uma quantidade considerável de clientes para faturar.
Ele passou por apertos, já que tinha apenas seis meses de reserva financeira. "Não cheguei a pensar em fechar a empresa, mas passei por momentos muito tensos", conta.
Para dar mais fôlego para a companhia, Gaspar passou a buscar recursos com amigos e a realizar projetos personalizados para clientes que queriam usar seu software, como redes de franquia, por um preço maior.
O aperto acabou em agosto, quando a companhia recebeu uma injeção de recursos dos fundos Red Point e Valor Capital, de valor não revelado.
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