Banco central chinês corta taxas de juros para impulsionar economia
O banco central chinês anunciou de surpresa, nesta sexta-feira (21), um corte nas taxas de juros, o primeiro do país em dois anos, no mais claro sinal até agora de que as autoridades econômicas estão cada vez mais preocupadas com o ritmo da desaceleração econômica na China.
O Banco Popular da China anunciou na sexta-feira que reduziria em 0,25%, para 2,75%, sua taxa de depósitos de um ano, e reduziria sua taxa para empréstimos de um ano ainda mais, em 0,4%, cortando-a a 5,6%.
Ao mesmo tempo, as autoridades anunciaram que confeririam mais autonomia aos bancos do país para determinar os juros que pagam sobre os depósitos, permitindo que ofereçam remuneração de até 120% da taxa de referência, ante os 110% anteriores. As mudanças entram em vigor no sábado.
A despeito de numerosos sinais de que o crescimento está se desacelerando, a liderança chinesa há meses vem se recusando a introduzir medidas amplas de estímulo, já que as autoridades estão se esforçando para implementar um pacote de ambiciosas reformas financeiras anunciado pelo presidente Xi Jinping em novembro do ano passado. A mensagem dominante de Pequim é a de que a China está disposta a tolerar crescimento mais lento, a fim de abrir caminho ao desenvolvimento sustentável.
Os líderes do país temem ampliar os níveis já exagerados de dívida das empresas e dos governos locais, resultantes de anos de crédito fácil e barato, o que ajudou o país a evitar o pior da crise financeira mas também agravou o risco de um choque financeiro ou de uma onda de maus empréstimos.
O corte de juros da sexta-feira parece demonstrar que o ritmo da desaceleração econômica da China se intensificou a um ponto considerado desconfortável pelos líderes do país.
Li Tao/Xinhua | ||
O presidente chinês, Xi Jinping, faz pronunciamento em Pequim |
O banco central se apressou a afirmar na sexta-feira que seu corpo de impostos, o primeiro desde a metade de 2012, não significava que a política monetária passaria por mudanças fundamentais de direção, ou que medidas mais agressivas de estímulo econômico estivessem a caminho.
"No geral, o país mantém ritmo de médio a alto de crescimento macroeconômico, a inflação de preços se desacelerou, a estrutura econômica passa por constante otimização e aperfeiçoamento e o crescimento está trocando o investimento pela inovação, como propulsor", afirmou o banco central chinês em comunicado. "Assim, não existe necessidade de adotar medidas fortes de estímulo, e a direção prudente da política monetária não mudará".
Dados divulgados pelo governo da China no mês passado demonstram que o Produto Interno Bruto (PIB) se expandiu em 7,3% no terceiro trimestre, ante o mesmo período em 2013, o ritmo trimestral mais lento desde o pior momento da crise financeira mundial em 2009. A economia está a caminho de registrar seu crescimento mais lento em uma década, este ano.
Analistas dizem que os cortes de juros pelo banco central, embora inesperados, teriam efeito apenas modesto sobre o crescimento econômico geral da China. Mais imediatamente, eles disseram, o efeito seria tornar os financiamentos um pouco mais baratos para as grandes empresas estatais, que tendem a ter acesso mais fácil a empréstimos junto ao setor bancário controlado pelo governo.
Ao mesmo tempo, disseram os analistas, a decisão incomum do banco central de reduzir as taxas de empréstimo de forma mais acentuada que as taxas de depósito pode aumentar a pressão sobre as margens de lucro dos bancos comerciais do país, ao comprimir as chamadas margens líquidas de juros.
"O impacto sobre o crescimento do PIB será pequeno", escreveu Mark Williams, economista chefe da Capital Economics para a Ásia, em nota de pesquisa, sexta-feira. "O principal efeito será melhorar a posição financeira das grandes empresas".
"A redução na taxa de referência para empréstimos beneficiará principalmente as grandes empresas, tipicamente estatais, que tomam empréstimos junto aos bancos", ele acrescentou. "Os custos de captação das empresas menores, que tomam empréstimos no setor bancário paralelo, não serão afetados".
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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