Por falta de compradores, leilão falha em vender energia de hidrelétricas
O governo conseguiu atingir em parte os objetivos traçados para o leilão realizado nesta sexta-feira (28), que vendeu energia de projetos previstos para operar apenas em 2019. O principal propósito, a venda das hidrelétricas, não foi alcançado.
O pleito comercializou 2.742 MW –cerca de 2% da capacidade instalada atualmente no país–, sendo, em sua maioria, de projetos de usinas termelétricas.
O volume negociado representou 9,4% do total disponibilizado no leilão.
Poucos dias antes do pleito, dois de quatro empreendimentos hidrelétricos foram impedidos de participar por não terem conseguido as licenças ambientais prévias.
O governo já havia adiado a realização do pleito por duas oportunidades para que as hidrelétricas ganhassem tempo e conseguissem as licenças. Porém o esforço não valeu de nada.
As únicas hidrelétricas oferecidas no pregão foram Itaocara (RJ) e Perdida 2 (TO). Ambas não conseguiram vender sua energia e agora precisarão de um novo leilão para poderem sair do papel.
A pouca energia hidrelétrica vendida foi a de três pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), que comercializaram 23,7 MW.
Segundo José Carlos Miranda, diretor da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), a crise hídrica explica a frustração da venda dos projetos de usinas hidrelétricas.
"Sempre trabalhamos para viabilizar os projetos hidrelétricos. Talvez essa não seja a única explicação, mas a mais provável", afirmou.
As usinas termelétricas venderam 2.303 MW, sendo 1.700 MW de fontes à gás, 294 MW a carvão e 310 MW a biomassa. Ao todo, foram 12 projetos vendidos.
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USINAS TÉRMICAS
A venda de térmicas era um objetivo secundário do governo no leilão.
Há três anos não eram contratados empreendimentos termelétricos.
Embora tivessem sido ofertados 8.082 MW, a venda de 21% do total indica que parte do propósito do leilão foi alcançado.
Os empreendimentos eólicos também tiveram boa aceitação, comercializando 415 MW de 36 projetos. Já fotovoltaica encontrou mais dificuldade e não conseguiu comercializar energia.
Os preços médios para cada fonte ficaram em R$ 161,89 por megawatt-hora para as PCHs, R$ 205,19 por MWh para as térmicas e R$ 136 por MWh para as eólicas.
VOLUME FINANCEIRO
Outros membros do governo que estavam presentes na divulgação do resultado do leilão chamaram a atenção para o volume financeiro negociado no pleito, cerca de R$ 114,5 bilhões.
"Esse leilão só é suplantado pelo primeiro realizado em 2004. Isso mostra o sucesso do pleito", diz Luiz Eduardo Barata, presidente da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica).
De acordo com André Pepitone, diretor da Aneel, o leilão alavancará investimentos da ordem de R$ 15 bilhões no setor elétrico até 2019.
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