País fecha ano com maior deficit em transações com exterior desde 2001
O Banco Central admitiu pela primeira vez que as importações vão superar as exportações em 2014, o que não ocorria desde 2000. O resultado negativo de US$ 2,5 bilhões esperado, se confirmado, será o maior desde o fim do regime de câmbio fixo, em janeiro de 1999.
Com isso, o BC revisou também a estimativa de deficit nas contas externas de US$ 80 bilhões (3,5% do PIB) para US$ 86,2 bilhões (3,9% do PIB). Na comparação com o PIB, é o maior resultado negativo desde 2001 (4,2%).
O BC espera uma virada no saldo da balança comercial brasileira em 2015 para conter o crescimento do deficit nas contas externas do país no próximo ano.
É o mesmo cenário com o qual o governo trabalhava no início deste ano em relação a 2014, mas que foi frustrado pela piora no comércio exterior desde setembro.
A melhora nas contas externas, se confirmada, pode ajudar a conter uma desvalorização adicional do câmbio, em um período em que se espera saída de investimentos do país por conta do esperado aumento de juros nos EUA.
Para 2015, a instituição espera que as exportações superem as importações em US$ 6 bilhões. A melhora virá da desvalorização do real já verificada, que ajuda a conter compras no exterior e a baratear produtos brasileiros.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Deficit balanca comercial |
O BC também prevê aumento do comércio mundial e redução no deficit do país nas transações com derivados de petróleo, devido à queda no preço do barril.
A balança comercial compensaria o aumento esperado nos serviços externos e nas remessas de lucros ao exterior em 2015 e reduziria o deficit externo para US$ 83,5 bilhões (3,8% do PIB).
O BC também espera que o Brasil tenha de recorrer a capital estrangeiro de natureza mais incerta para financiar esse resultado negativo e reduzir a pressão no câmbio.
Em 2015, pelo terceiro ano seguido, o IED (Investimento Estrangeiro Direto) não será suficiente para cobrir todo o deficit externo, de acordo com as projeções oficiais.
Esse dinheiro, usado principalmente para compra de empresas, é considerado a melhor forma de financiamento das contas externas, por ser de longo prazo.
Pela projeção do BC, o IED cai para US$ 63 bilhões em 2014 e sobe para US$ 65 bilhões em 2015. Em 2014, a segunda maior fonte de recursos até agora são as aplicações de estrangeiros em renda fixa, seguida pelos empréstimos obtidos no exterior, o que deve se repetir em 2015.
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