Poupadores podem perder com bloqueio da Lava Jato
Pequenos e médios poupadores com recursos aplicados nos mesmos fundos que receberam dinheiro de investigados na operação Lava Jato deverão amargar perdas em seus investimentos, mesmo sem ter qualquer relação com as fraudes na Petrobras.
Isso porque os bancos não terão alternativa além de resgatar as aplicações antes do vencimento, o que implica prejuízo para os demais aplicadores, para cumprir a decisão judicial de colocar os recursos dos investigados em uma conta judicial na Caixa Econômica Federal.
No caso de aplicações resgatadas antes do vencimento, o procedimento é o seguinte: os bancos atribuem um preço ao papel, provavelmente desfavorável ao fundo ou aplicador (podendo ficar inclusive sem o rendimento proporcional, dependendo do contrato), compram o título com recursos próprios (se não conseguir vendê-los a terceiros), e ainda cobram uma tarifa pelo serviço extraordinário.
Para os fundos de investimento, a operação será onerosa e resultará em prejuízo para ser socializado com os demais cotistas. Nesse caso, estão fundos do BNP Paribas, Fator e do Santander, que não têm liquidez diária (não podem ser resgatados a qualquer dia) e que investem em títulos de longo prazo.
São fundos em que investiram Gerson Almada, vice-presidente da construtora Engevix, e Renato Duque, ex-diretor da Petrobras. Ambos chegaram a ser presos na operação Lava Jato.
No BNP, Almada tinha mais de R$ 19 milhões. Duque tinha quase R$ 900 mil em um fundo do Santander. A Folha não obteve os dados das aplicações dos demais investigados.
O juiz do caso, Sérgio Moro, determinou o bloqueio e a consequente transferência para contas judiciais dos recursos dos alvos da Lava Jato, entre doleiros, lobistas, executivos de construtoras e ex-dirigentes da Petrobras.
A medida atinge contas correntes e aplicações diversas, como fundos de investimento, certificados de dívida e até mesmo fundos de previdência complementar.
Conforme a Folha publicou neste domingo (21), alguns bancos questionam a ordem do juiz, alegando que a transferência do dinheiro dará prejuízo aos clientes.
A Polícia Federal estima que o grupo do qual fazia parte o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, ambos presos na Lava Jato, tenha movimentado mais de R$ 10 bilhões. Boa parte dessa quantia foi desviada de obras da estatal petrolífera com suspeitas de fraudes e, posteriormente, aplicada nos bancos.
Procurados, BNP Paribas e Santander disseram que não podem se manifestar.
Confira os fundos que poderão ter perdas:
- FUNDO BNP ACTION
- FUNDO BNP MACRO
- FUNDO BNP MOMENTUM (não especificado)
- FUNDO BNP MOMENTUM (não especificado)
- FUNDO BNP MOMENTUM (não especificado)
- SANTANDER FIC VINTAGEM RENDA FIXA CRÉDITO PRIVADO LONGO PRAZO
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