Zona do euro registra primeira deflação em cinco anos
Os países da zona do euro registraram em dezembro a primeira deflação em mais de cinco anos, aumentando a expectativa de que o BCE (Banco Central Europeu) vá adotar um amplo programa de compra de títulos de governo.
Os preços dos 19 países que usam o euro como moeda recuaram 0,2% em dezembro, ante o mesmo mês de 2013.
Em novembro, na mesma comparação, a inflação havia sido de 0,3%. A última vez que a região teve deflação foi em outubro de 2009, de 0,1%.
A queda dos preços da energia (que despencaram 6,3% no mês, ante dezembro de 2013) foi o principal motivo do resultado.
A energia está em queda devido ao recuo do preço do petróleo –em curso desde setembro do ano passado. Nesta quarta (7), o barril do óleo pesado (tipo Brent) foi negociado a US$ 51. No final de julho, valia US$ 106.
PREOCUPAÇÃO
A deflação preocupa economistas porque revela uma desvalorização dos preços dos ativos. Isso faz com que consumidores e empresas tenham menos disposição em gastar, o que prejudica a economia como um todo.
A expectativa dos economistas é que haja nova deflação em janeiro, uma vez que o preço do petróleo continuou caindo neste mês.
A Europa ainda não se recuperou da crise que teve início em 2008 e uma deflação prolongada pode atrapalhar o caminho da retomada.
Editoria de arte/Folhapress | ||
Esse contexto leva analistas a preverem que o BCE (Banco Central Europeu) deverá adotar uma rodada de compra de títulos governamentais, injetando mais recursos no sistema financeiro para estimular a demanda.
A expectativa é que isso deve ocorrer já na próxima reunião do BCE, marcada para o dia 22 de janeiro.
A autoridade monetária está preocupada com um período prolongado de inflação muito baixa, o que pode mudar as expectativas dos consumidores e levá-los a segurar as compras na esperança de preços ainda mais baixos. Isso provocaria uma deflação persistente.
A inflação na zona do euro está abaixo de 1%, o que o BCE chama de zona de perigo, desde outubro de 2013.
ESTÍMULOS
Ao mesmo tempo em que tenta impulsionar a demanda, o programa de estímulos enfraquece a moeda.
Nesta quarta (7), o euro atingiu nova baixa recorde em relação ao dólar. O euro caiu para US$ 1,18 no mercado americano, o menor valor desde janeiro de 2006. Neste ano, a moeda caiu 2%.
Mesmo que a baixa do petróleo possa ser temporária, como esperam alguns analistas e governantes, o BCE deve optar por mais estímulos por outro motivo: a Grécia.
No fim deste mês, haverá eleições no país e estão fortes os partidos que são contrários ao programa de austeridade. Isso pode provocar nova onda de instabilidade financeira e especula-se até a saída do país do bloco.
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