Escândalos elevam risco de carteira de crédito de bancos brasileiros, diz Fitch
O risco de carteiras de crédito de muitos bancos brasileiros que incluem os setores de construção e petróleo cresceu com os escândalos de corrupção da Petrobras.
A análise é da agência Fitch, que divulgou nesta quinta-feira (8) uma nota sobre o assunto.
De acordo com a agência, as investigações da Operação Lava Jato, que envolvem as maiores construtoras do país, aumentaram os desafios para o setor bancário brasileiro.
Isso porque pode haver dificuldades com empréstimos já feitos, como necessidade de provisões para perdas e/ou reestruturações de empréstimos em 2015, especialmente para grandes bancos públicos.
O último episódio de classificação de risco ligado ao escândalo foi o rebaixamento da construtora OAS pela Fitch na quarta-feira (7), que havia feito um corte na nota no dia 2 de janeiro.
Em novembro, a agência colocou todas as construtoras brasileiras avaliadas em perspectiva negativa devido a preocupações sobre os impactos financeiros das investigações.
BANCOS PÚBLICOS
O país sofre com o pequeno crescimento do PIB em 2014 (a expectativa da Fitch é de expansão de 0,3%), taxas de inflação elevadas e desvalorização do real. Para a agência, essas condições econômicas fracas para as empresas do país devem continuar em 2015 e ressalta que quase 35% dos empréstimos de bancos brasileiros são para o setor corporativo nacional.
A Fitch diz que os casos de corrupção podem reduzir o apetite do mercado internacional de capitais pelo risco brasileiro, além de diminuir a disponibilidade local de crédito, afetando a liquidez das companhias.
Os mais afetados pela deterioração de ativos ligados ao petróleo e à construção, segundo a nota, são os bancos públicos. Isso pelo crescimento agressivo dos empréstimos feitos a esses setores nos últimos quatro anos.
Essas instituições também seriam as mais suscetíveis a interferências políticas, que podem fazê-las elevar os empréstimos a setores estruturais, que têm sito gargalos para o crescimento do país.
As empresas de gás e petróleo, além das indústrias de construção civil, se encaixam nesse perfil, o que faz os bancos públicos estarem mais expostos a esses segmentos.
ETANOL
Em outra nota divulgada nesta quinta-feira, a Fitch disse que a queda nos preços do petróleo aumentou o risco da indústria brasileira de etanol e açúcar.
Segundo a agência, os valores mais baixos aliviaram a pressão sobre a Petrobras para elevar os preços domésticos da gasolina, o que diminuiu a demanda por combustíveis alternativos.
Os produtores brasileiros precisariam de uma alta nos preços do etanol para compensar a queda do açúcar no mercado internacional, mas os aumentos do biocombustível só são possíveis se forem acompanhadas pela alta dos preços na bomba.
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