Levy diz que Brasil está deixando medidas anticíclicas para trás
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse em Nova York que o ajuste em curso inclui "reformas estruturais significativas", que a expectativa de inflação "está em queda" e que "novos impostos não estão sendo criados".
Levy disse que 2015 será um ano de desafios, mas que é otimista com 2016, "que será um ano de crescimento, um outro ciclo".
Em palestra a cerca de 180 investidores e analistas, em sua primeira visita oficial aos EUA, Levy ainda disse que o pré-sal "é uma realidade" e que é mais produtivo do que se imaginava e que a empresa teve um salto de produção no ano passado. E que a estatal "vai superar seus atuais obstáculos".
Levy começou sua palestra admitindo que o crescimento do PIB em 2014 "pode ter sido negativo", que o "deslize fiscal" foi significativo no ano passado, mas dizendo que a presidente Dilma Rousseff "fez decisões importantes de ajuste de rumo".
Aos investidores, o ministro disse que não estava "inventando novos impostos", apenas acabando com deduções implementadas e voltando a "impostos que já existiam".
MUDANÇA DE RUMO
Em um discurso claramente destinado a acalmar investidores e demonstrar as mudanças de rumo, Levy falou que os gastos com folha de pagamento de funcionários públicos e pensões tiveram seu crescimento moderado. "Houve disciplina lá", afirmou.
Ele confirmou diversas vezes que a responsabilidade fiscal continuaria e que o país não desperdiçou o boom das commodities da década passada, apesar de admitir que esse período de alta considerável das exportações e do valor das matérias primas 'já acabou".
Na apresentação, que durou uma hora, Levy falou que o Brasil ainda era destino de fluxo forte de investimentos diretos externos e que a participação da iniciativa privada na construção de infraestrutura é uma "realidade" em aeroportos, estradas, portos e geração de energia. "Temos concessões bem-sucedidas nos últimos 20 anos".
Ainda disse que a preparação para a Olimpíada do Rio em 2016 "vai bem". Após a palestra, que aconteceu na sede da Americas Society, organização não-governamental, ele se encontrou com analistas da agência Moody's.
BOLETIM DO BC
Os economistas e instituições financeiras consultados pelo Banco Central pioraram suas expectativas para inflação e PIB nesta semana, de acordo com o boletim Focus.
Após ver estagnação para a economia brasileira em 2015 na estimativa anterior, o mercado agora aposta em retração de 0,42% no ano. Para 2016, a taxa de expansão de 1,50% foi mantida.
Já o IPCA (índice oficial de inflação) deve ficar em 7,27% em 2015, ante estimativa anterior de 7,15%. No próximo ano, a inflação deve recuar para 5,60%, abaixo do teto da meta estipulada pelo governo, que é de 4,5%, com dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
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