Bancos podem sofrer 'efeito cascata' por Petrobras, alerta Moody's
Os bancos brasileiros podem ser submetidos a um efeito cascata por exposição a fornecedores da Petrobras, adverte a agência de classificação de risco Moody's, em relatório divulgado nesta terça-feira (3).
Segundo a agência, as investigações da Operação Lava Jato, que averiguam um suposto esquema de corrupção na estatal, provocaram preocupação aos bancos com exposições não apenas à Petrobras, mas também a seus fornecedores e aos segmentos de petróleo e gás e de construção.
A Moody's, que rebaixou a nota de crédito da Petrobras na semana passada, afirma ainda que os riscos são maiores para os bancos públicos, que "poderiam ser obrigados pelo governo a oferecer à Petrobras e seus fornecedores suporte para evitar uma crise de crédito".
"A investigação na Petrobras poderia exacerbar a situação para os bancos brasileiros, uma vez que as expectativas para crescimento do crédito em 2015 já eram modestas", afirmou Celina Vansetti-Hutchins, Managing Director da Moody's.
"Qualquer aumento nas provisões dos bancos contra perdas relacionas à Petrobras e aos seus fornecedores, assim como aos setores de petróleo e gás e de construção, poderia prejudicar lucros e levar a um aperto das condições de crédito, o que poderia ter repercussões na economia brasileira", complementa.
As investigações já fizeram com que os bancos limitassem financiamento para os setores de óleo e gás e construção, lembra a Moody's. A estatal também já bloqueou a participação de diversos fornecedores envolvidos na investigação em contratos futuros, destacando o risco de contágio para bancos com exposições nestes setores.
"No entanto, os bancos provavelmente vão continuar financiando a Petrobras, devido a sua performance operacional relativamente solida e a expectativa de provável apoio do governo", complementa o relatório. A empresa permanece como uma das empresas mais estrategicamente importantes no Brasil, apesar das pressões de liquidez no curto prazo em parte devido à investigação, bem como aos atrasos em publicar seus balanços auditados no prazo estabelecido.
A agência ressalta ainda que se a estatal adiar ainda mais a divulgação de suas demonstrações financeiras de 2014, os credores poderiam acelerar os US$ 137 bilhões em obrigações financeiras pendentes da Petrobras.
"Neste caso, no entanto, outras empresas tomadoras de recursos e que fazem negócios com a Petrobras poderiam entrar em default ou abrir processo de falência, o que poderia fazer com que os bancos executassem garantias que afetariam o sistema financeiro inteiro e a economia", complementa a Moody's.
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