Empresas brasileiras enfrentarão 'intensa tempestade', afirma Fitch
A agência de risco Fitch Ratings avalia que as empresas brasileiras enfrentarão uma "intensa tempestade" este ano diante da combinação de preço das commodities e demanda por produtos em baixa e inflação e taxas de juros em alta.
Com isso, os rebaixamentos das notas de crédito das companhias do país devem aumentar ao longo do ano, segundo relatório divulgado pela agência nesta quarta-feira (8). Nos três primeiros meses deste ano, houve 11 cortes em notas de crédito de empresas brasileiras e nenhuma elevação.
"Os setores mais arriscados permanecem sendo açúcar e etanol, construção pesada e construção residencial", afirma o relatório, assinado por Debora Jalles e Ricardo Carvalho, diretores da agência no país.
As notas de crédito conferidas pelas agências funcionam como uma espécie de selo de bom ou mau pagador. Elas sinalizam aos investidores o grau de segurança que terão ao aplicar recursos nas empresas avaliadas.
De acordo com a Fitch, os resultados financeiros das companhias brasileiras devem ser prejudicados num momento em que as opções de financiamento estão mais restritas para as empresas do país.
"As linhas de crédito são limitadas e bastante seletivas, especialmente para os perfis de crédito mais fracos, o que aumenta os riscos. O escândalo de corrupção na Petrobras fechou o mercado de emissões internacional para as companhias brasileiras no primeiro semestre", diz o documento.
Segundo os diretores da agência, as implicações da operação Lava Jato preocupam. Sem acesso a financiamento externo, resta às empresas brasileiras o mercado local de dívida que "é caro e bastante seletivo", afirma o relatório.
Na segunda-feira (6), a agência já havia elencado a Lava Jato como um dos fatores que podem levar à redução dos resultados financeiros dos bancos brasileiros.
RISCO BAIXO
A boa notícia para a agência está na redução do risco de racionamento de energia. O temor de uma restrição no fornecimento foi "significativamente aliviado" por conta do aumento dos níveis dos reservatórios das hidrelétricas e do menor uso de eletricidade pela indústria e pelos consumidores residenciais, de acordo com a Fitch. Além do menor ritmo de produção das companhias, que reduz o consumo, o aumento do custo da energia tem feito o uso residencial também cair.
A desvalorização cambial é um fator a "observar", mas segundo o documento é um risco distante. A Fitch afirma, contudo, que ele pode acelerar a quantidade de rebaixamentos e elevar a inadimplência de companhias nacionais com financiamentos em dólar.
Quando a moeda americana fica mais cara, a dívida dessas empresas em real cresce, sem que as receitas estejam subindo na mesma velocidade. De acordo com o documento, quase 60% das empresas avaliadas pela agência possuem exposição líquida à desvalorização do real.
A agência estima contração de 0,4% na economia brasileira em 2015. O cálculo é mais otimista do que de outras instituições do mercado.
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