Redes de estética enfrentam dilema sobre ensinar técnicas para quem não é franqueado
Redes especializadas em tratamentos estéticos de micropigmentação (maquiagem de longa duração) enfrentam um dilema: ensinar ou não as técnicas usadas para profissionais que não fazem parte da franquia?
De um lado, a divulgação do conhecimento é uma fonte de receita adicional, permite que elas descubram novos talentos para as clínicas e ajuda a fortalecer a marca no mercado.
Por outro lado, responsáveis por algumas das empresas temem estar passando conhecimento para que esteticistas que não trabalham na rede se tornem concorrentes.
O Centro das Sobrancelhas, que iniciou suas atividades como escola em 2009, optou por não guardar segredos. A empresa treina cerca de 400 profissionais ao ano, possui três clínicas próprias e pretende vender as primeiras dez franquias neste ano.
"O mercado é muito grande. São Paulo é imensa e, mesmo assim, você vê concorrentes na mesma rua que sobrevivem bem", diz Ismael Ribeiro, 58, diretor executivo.
SEGREDO
Enquanto a curitibana Lu Make Up se prepara para abrir suas primeiras franquias neste ano, as 20 alunas de sua última turma semestral aberta a todo o público têm suas aulas finais.
A empresa decidiu que, a partir do momento em que estiver treinando franqueadas, a formação será exclusiva para elas, diz Bruno Abdo Maia, 36, diretor de marketing.
"É injusto com meu franqueado passar o mesmo know-how para profissionais que não são franqueados meus", explica.
A intenção da empresa é que as franqueadas sejam profissionais que atuem diretamente no atendimento às clientes, e não apenas investidores desconectados com o dia a dia. Por isso, estuda com cautela a possibilidade de funcionárias das franquias fazerem os cursos.
Vanessa Silveira, da Clínica VS, também decidiu trocar os cursos livres, com módulos de cinco dias, pelas franquias. Segundo ela, o objetivo era preservar a marca:
"A micropigmentação precisa de um treinamento contínuo. Mas algumas pessoas faziam o curso de uma semana e diziam que eram formadas na Vanessa Silveira. Não queria ter meu nome associado a isso", conta.
Ela afirma que abriu mão de um faturamento mensal de cerca de R$ 150 mil com sua escola para treinar apenas os franqueados, que têm de fazer o curso completo de 60 dias. Sua intenção é fechar 2015 com 18 formadas.
A empresa DuoHauss, de Brasília, adotou uma solução intermediária entre ensinar tudo ou nada.
Fabio Braga/Folhapress | ||
Ismael Ribeiro, 58, diretor executivo do Centro das Sobrancelhas, que começou como escola e virou franquia |
Cristiana Rech, 37, fundadora da empresa, conta que na escola da companhia, em Brasília, são ensinadas todas as técnicas que a profissional conseguiria encontrar com facilidade no mercado.
Outros procedimentos, desenvolvidos pela própria rede (conhecidos como protocolos), são guardados para os franqueados.
"Os cursos que dou para todas são técnicas que elas teriam acesso de outras formas. Então é melhor comprarem de mim do que de outra pessoa", diz Rech.
A escola representa 10% do faturamento da Duohauss, que foi de R$ 2,5 milhões em 2014. A empresa possui duas unidades próprias e uma franquia.
Para Marcelo Sinelli, consultor do Sebrae-SP, mais importante do que guardar o conhecimento para os franqueados é prepará-los para gerenciar adequadamente a empresa.
"Entendo o medo da concorrência, mas ela virá e não há muito o que fazer. Ter bom relacionamento com os consumidores é tão importante quanto a técnica", diz.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Calculadoras
O Brasil que dá certo
s.o.s. consumidor
folhainvest
Indicadores
Atualizado em 26/04/2024 | Fonte: CMA | ||
Bovespa | +1,56% | 126.593 | (13h46) |
Dolar Com. | -0,97% | R$ 5,1139 | (13h57) |
Euro | 0,00% | R$ 5,541 | (13h30) |