Energia vira foco de investimento chinês na América Latina
Em 28 de janeiro, a empresa chinesa Sinopec anunciou um acordo com a estatal argentina YPF para desenvolver a produção de petróleo, gás natural e xisto na região de Vaca Muerta, na Patagônia argentina.
Em abril, foi a vez de o banco de desenvolvimento chinês anunciar uma injeção de US$ 3,5 bilhões na Petrobras, apesar das revelações de superfaturamento e desvios de recursos da empresa.
Mais do que a soja e o minério de ferro, a China tem aumentado seu interesse –e consequentemente seus investimentos– em ativos de energia na América Latina.
Segundo o centro de estudos americano Inter-American Dialogue, os investimentos chineses na exploração de petróleo e gás na região se multiplicaram após a crise da economia americana (2008) e os EUA despontarem na produção de gás de xisto.
Foram US$ 32 bilhões em financiamentos em energia na América Latina de 2008 a 2014, ou mais de um quarto do crédito total à região no período (US$ 114 bilhões).
Somam-se a isso os investimentos diretos, que, segundo a Cepal (Comissão para o Desenvolvimento da América Latina), alcançam US$ 10 bilhões por ano, desde 2010.
Os chineses já fincaram suas bandeiras na exploração de grandes reservatórios da região: Orinoco (Venezuela), em Vaca Muerta e no pré-sal brasileiro, além de participações em reservas no México e no Equador.
Em cada um desses países, a estratégia de aproximação e negociação tem se mostrado distinta. Em comum, está o desejo de garantir fornecimento para a expansão de sua economia.
Editoria de Arte/Folhapress |
Segundo Margaret Mayers, diretora do Inter-American Dialogue, a China tem na região os três pilares de sua expansão no exterior: acesso a matérias-primas, mercado para suas exportações e uma relação valiosa para a operação de suas empresas.
O país se tornou o principal destino das exportações brasileiras de petróleo em 2013 e constrói, na China, em associação com a Venezuela, uma das maiores refinarias do mundo, com capacidade de processar 20 milhões de toneladas de petróleo pesado venezuelano.
Segundo o analista internacional argentino Jorge Castro, problemas conjunturais, como a crise da Petrobras e a cambaleante economia argentina, não abalam o interesse chinês na região.
"Os chineses parecem ter escolhido o momento de fragilidade para anunciar sua ajuda, com o objetivo de mostrar a importância estratégica que esses países têm para a China", afirma.
Na Argentina, teme-se que os contratos de investimento chinês inundem o país de produtos fabricados na China, o que poderia ter efeitos negativos sobre a indústria local –e sobre a brasileira, principal fornecedora de equipamentos ao vizinho.
O ex-presidente da petroleira estatal YPF e ex-ministro de Energia da Argentina, Daniel Montamat, afirma que os financiamentos externos normalmente trazem esse tipo de exigência.
Para Montamat, parece claro o que chineses querem da região, o que falta é saber o que queremos da China. "Deveríamos estar negociando com a China em conjunto, e não de uma maneira desintegrada. A culpa não é da China, é nossa", afirma.
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