Na China, força de trabalho começa a encolher e desacelera o crescimento
A força de trabalho da China está encolhendo, e o "milagre da migração" que propelia a ascensão industrial do país está praticamente exaurido, o que anula os propulsores do meteórico crescimento chinês, de acordo com economistas importantes.
A transformação conduzirá a crescimento mais lento, redução no investimento e perda de competitividade, tornando mais urgentes as reformas que alimentarão novas fontes de expansão, eles alertam.
Emergiu um consenso de que a China atingiu seu "ponto Lewis de inflexão", o ponto no qual o excedente de mão de obra rural que alimentou o setor industrial por anos sem permitir inflação nos salários se esgota e os salários sobem rapidamente, como argumentou o economista Arthur Lewis, laureado com o Nobel da disciplina.
"A participação das pessoas em idade de trabalho na população chinesa atingirá seu pico este ano, em 72%, e depois começará a cair rapidamente, ainda mais rápido do que vimos no Japão nos anos 90", disse Ha Jiming, estrategista chefe de investimento da divisão de gestão de ativos privados do banco Goldman Sachs em Hong Kong.
Cai Fang, diretor do instituto de economia populacional e do trabalho na Academia Chinesa de Ciências Sociais, um instituto de pesquisa que assessora o governo, estima que o potencial de crescimento do Produto
Interno Bruto (PIB) chinês caiu de 9,8% ao ano entre 1995 e 2009 a 7,2% em 2011-2015, e ficará em 6.1% entre 2016 e 2020.
A queda na força de trabalho é uma das principais causas. Desde 1978, quando Deng Xiaoping lançou as reformas de abertura de mercado na China, 278 milhões de trabalhadores rurais migraram das aldeias para trabalhar nas cidades.
Mas o processo de realocação de mão de obra da fazenda para a fábrica que resulta em crescimento mais rápido porque a produtividade dos trabalhadores envolvidos dispara agora está em geral concluído.
"De 2005 a 2010, o ritmo de crescimento no número de trabalhadores migrantes foi de 4% ao ano. No ano passado, foi de apenas 1,3%. Este ano é possível que haja uma contração", diz Cai.
A China agora enfrenta a tarefa, mais difícil, de elevar a produtividade do setor urbano por meio de alocação de capital melhor, avanços tecnológicos e competência na gestão.
ENVELHECIMENTO
A segunda tendência é o envelhecimento da população e os efeitos da política de permitir apenas um filho por família, que começa a influenciar o número de jovens que ingressam na força de trabalho.
A exemplo de países industrializados como a Alemanha e o Japão, as fileiras do idosos chineses estão crescendo. Ma Jiantang, diretor do Serviço Nacional de Estatísticas chinês, disse que a população com idade dos 15 aos 60 anos atingiu seu pico em 2011.
"O excedente de mão de obra rural está praticamente exaurido a China está atingindo o ponto de inflexão Lewis", o Banco Mundial reportou no ano passado.
Os economistas debatem a data exata da inflexão. Alguns dizem que devido às condições de trabalho variáveis do mercado rural regional, seria mais preciso falar de um "período de inflexão" e não de um ponto único.
Mas a tendência básica não é passível de contestação.
"O fato de que agora passamos do ponto de inflexão Lewis está 100% estabelecido", disse Ross Garnant, economista da Universidade Nacional Australiana e um dos editores de uma coleção de estudos sobre a China.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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