Comércio tem queda de 0,4% em abril, pior resultado para o mês desde 2001
Joel Silva/Folhapress | ||
Supermercado em São Paulo; comércio teve neste ano pior mês de abril desde 2001 |
A queda nas vendas do comércio varejista surpreendeu e atingiu o índice de 0,4% na passagem de março para abril na série livre de efeitos sazonais (como o número de dias do mês), informou o IBGE nesta terça-feira (16). É o pior resultado para o mês desde abril de 2001 (-0,5%).
A expectativa de analistas ouvidos pela agência internacional Bloomberg era de que houvesse alta de 0,70% no mês. A agência Reuters também detectava alta, de 0,60%.
O mau resultado foi puxado pelos setores de vestuário e calçados, móveis e eletrodomésticos e equipamentos para materiais de escritório (leia mais abaixo).
Esta foi a terceira queda consecutiva das vendas nessa base de comparação, após resultados negativos em fevereiro (-0,4%) e março (-1%).
É a primeira vez que as vendas do comércio têm três meses de quedas consecutivas nessa base de comparação desde 2003, período de março, abril e maio.
Com isso, o mês de abril teve queda de 3,5% na comparação com o mesmo mês do ano passado, queda também mais intensa do que a de 1,8% prevista pela Bloomberg.
Trata-se do pior resultado para meses de abril desde 2003 (-3,7%), quando a economia foi afetada pelas incertezas sobre como seria o primeiro governo Lula.
"Em março as vendas cresceram 0,3% ajudadas pela Páscoa. Desta vez, prevaleceu a conjuntura da economia", disse Juliana Vasconcellos, gerente do IBGE.
As vendas seguem pressionadas pelo menor ritmo da economia, mercado de trabalho desaquecido, crédito restrito e inflação em alta.
No ano, o setor acumula queda de 1,5%. Em 12 meses encerrados em abril, as vendas acumulam pequena alta de 0,2%.
SETORES
Das dez atividades acompanhadas pelo IBGE, sete tiveram queda na passagem de março para abril, série livre de efeitos sazonais.
As maiores variações negativas foram em tecidos, vestuário e calçados (-3,8%), móveis e eletrodomésticos (-3,1%) e equipamentos para materiais de escritório (-12,2%).
As vendas do setor de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumos cresceu 1,9%, após a queda de 2,1% registrada em abril.
Quando comparado com abril do ano passado, o maior impacto das vendas foi em móveis e eletrodomésticos (-16%), efeito da retirada de incentivos tributários do governo.
"Isso tem a ver com o crédito, que encolheu. A retirada do incentivo de IPI, preços e menor renda são os fatores que influenciam o comércio", explica a gerente do IBGE.
Na base de comparação entre abril deste ano e do ano passado, a segunda maior contribuição negativa veio de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com queda de 2,3% frente a abril de 2014.
Os destaques positivos ficaram para produtos farmacêuticos (6,2%), com ajuda de preços abaixo da inflação, e equipamentos de informática (2,7%).
VAREJO AMPLIADO
O IBGE também calcula na pesquisa a venda do varejo ampliado, que considera alguns setores que fornecem produtos que também atendem ao atacado.
Neste caso, as vendas tiveram uma queda ainda maior em abril, de 8,5% na comparação ao mesmo mês do ano passado. E de 0,3% frente a março.
O impacto na passagem de março para abril veio do setor de material de construção, com queda de 1,2%. Veículos e motos tiveram alta de 4,4% no mês.
"O aumento de veículos é um efeito estatístico do ajuste sazonal. O setor não reagiu. O número que reflete a realidade do setor é o que compara abril 2014 e abril 2015", disse Juliana.
Em abril deste ano, em comparação ao mesmo mês de 2015, as vendas de veículos e motos, partes e peças encolheu 19,5%, segundo dados do IBGE.
FATURAMENTO
O IBGE mede o desempenho do varejo pelo volume vendido de produtos, mas também divulga a receita nominal (sem descontar a inflação) dessas vendas. E o resultado é um aumento da receita.
Na passagem de março para abril, as vendas do setor sem descontar a inflação cresceram 0,3%. Frente ao mesmo mês de 2014, a receita cresceu 2,5%.
Segundo Vitor França, assessor econômica da Fecomércio-SP, o que explica o aumento da receita do varejo, num momento de queda do volume vendido, é o avanço dos preços do setor.
"É bastante claro sobretudo nos supermercado, que tem uma rápida reação a preços. E alimentos está forte", disse França.
Em abril deste ano, o IPCA, que mede a inflação oficial brasileira, foi de 0,71%. A taxa de 12 meses foi de 8,17%, a maior taxa para o período desde dezembro de 2003 (9,3%).
Julia Chequer/Folhapress | ||
Consumidora compra ovos de Páscoa em supermercado da Bela Vista, no centro de São Paulo, em abril |
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